Quando
eu fui ver “Entre Nós”, o filme nacional dos Morelli(Paulo e Pedro)pensei no
bolero de Raphael Hernandez na versão de Lourival Faissal que Emilinha Borba
gravou. No filme os estudantes enterram cartas a serem lidas dez anos depois.
No bolero “sem eu ver teu rosto/sem beijar teus lábios” recordando uma fonte
onde começou um caso de amor depois memória. Na época de lançamento do disco 78
rpm, eu saí no único bloco carnavalesco que me abrigou. Era um carro alegórico
com decoração baseada no filme “O Cangaceiro” de Lima Barreto. Meu irmão entrou
nessa por conta da namorada. Eu, solitário, reprisei o titulo de “Pierrô
apaixonado”que meus pais me deram anos antes, quando bem criança me metiam em
festas. Nunca fui folião. E no carro carnavalesco eu tocava o bolero de
Hernandez. Quase me dão porrada.
O filme
me decepcionou, mas na fase atual do cinema brasileiro até que dá fogo. Ruim é “SOS
Mulheres a Bordo” e na pauta estrangeira o documentário “Blood Money” que se rende aos
que condenam o aborto de forma generalizada sem dizer que nos EUA a coisa
ganhava aplausos nas mulheres negras que assim diminuíam o numero de gente
dessa etnia na pátria do Ku Klux Kan . Não sou a favor de abortos na época em
que há muitos modos de se evitar gravidez, mas há casos em que um embrião é uma
tragédia embutida no útero materno. O caso dos estupros. O caso das más
formações cerebrais. O caso das mães condenadas à morte pela gravidez. E a
irresponsabilidade de quem pratica assassinato de bebê recém-nascido. Bem, o
filme é produzido por seita religiosa e no caso a razão se perde no labirinto
pascalino. O pior, se a gente se restringir a critica de cinema, é que é mal
feito. Documentário sobre temas que se condena mas quando é do nível de um “Triunfo
da Vontade” tem que se reconhecer que é
bem estruturado. É cinema. “Blood Money”é mensagem de fanático e aqui conseguiu
espaço no nosso Olympia e em seu mês de aniversário. Aí sim, um crime.
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