domingo, 13 de abril de 2014

Dez Anos


               Quando eu fui ver “Entre Nós”, o filme nacional dos Morelli(Paulo e Pedro)pensei no bolero de Raphael Hernandez na versão de Lourival Faissal que Emilinha Borba gravou. No filme os estudantes enterram cartas a serem lidas dez anos depois. No bolero “sem eu ver teu rosto/sem beijar teus lábios” recordando uma fonte onde começou um caso de amor depois memória. Na época de lançamento do disco 78 rpm, eu saí no único bloco carnavalesco que me abrigou. Era um carro alegórico com decoração baseada no filme “O Cangaceiro” de Lima Barreto. Meu irmão entrou nessa por conta da namorada. Eu, solitário, reprisei o titulo de “Pierrô apaixonado”que meus pais me deram anos antes, quando bem criança me metiam em festas. Nunca fui folião. E no carro carnavalesco eu tocava o bolero de Hernandez. Quase me dão porrada.
               O filme me decepcionou, mas na fase atual do cinema brasileiro até que dá fogo. Ruim é “SOS Mulheres a Bordo” e na pauta estrangeira  o documentário “Blood Money” que se rende aos que condenam o aborto de forma generalizada sem dizer que nos EUA a coisa ganhava aplausos nas mulheres negras que assim diminuíam o numero de gente dessa etnia na pátria do Ku Klux Kan . Não sou a favor de abortos na época em que há muitos modos de se evitar gravidez, mas há casos em que um embrião é uma tragédia embutida no útero materno. O caso dos estupros. O caso das más formações cerebrais. O caso das mães condenadas à morte pela gravidez. E a irresponsabilidade de quem pratica assassinato de bebê recém-nascido. Bem, o filme é produzido por seita religiosa e no caso a razão se perde no labirinto pascalino. O pior, se a gente se restringir a critica de cinema, é que é mal feito. Documentário sobre temas que se condena mas quando é do nível de um “Triunfo da Vontade”  tem que se reconhecer que é bem estruturado. É cinema. “Blood Money”é mensagem de fanático e aqui conseguiu espaço no nosso Olympia e em seu mês de aniversário. Aí sim, um crime.

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