Nos anos 50 eu
vi, no Cine Independência, “A Historia de 3 Amores”. Representava a Metro
Goldwyn Mayer, empresa que o exibidor Victor Cardoso definia, a mim, que era “uma
companhia de elenco”. Sim, dizia-se que a Metro tinha mais estrelas do que se
via no céu. E os filmes dessa empresa custavam caro. Quando começaram a cobrar
percentual sobre a renda em cidades com mais de 1 milhão de habitantes o filme
custava 50% contra os 40% rotineiros, ou seja, de outras empresas. E os
chamados “cabeça de produção”,ou seja, os que vinham á frente nas listas
oferecidas, cobravam 60%. Com isso a Metro afugentava certos exibidores. Os
Cardoso & Lopes de Belém viviam pressionados por Luiz Severiano Ribeiro,
dono de circuito nacional, e para viver pagavam o que lhes desse publico. Por
isso contrataram a Metro quando o concorrente se afastava dela.
“A Historia de 3
Amores”é um exemplar típico da fase histórica da “marca do leão”. Por sinal que
a Metro era a segunda firma a ter cinema próprio no Brasil (no Rio e em
S.Paulo). A outra era a Art, do italiano Sorrentino.
Revi hoje, em
DVD, “Historias...” Era um ninho de estrelas com Kirk Douglas, Pier Angeli,
James Mason, Moira Shearer,Ethel Barrymore, Farley Granger e Leslie Caron. O
filme abrangia 3 historias, contadas por Godfreid Reinhardt (2 delas) e
Vincente Minnelli (uma). Todas começavam em um navio de passageiros a partir de
flash-backs vindos de personagens-passageiros. Melodrama típico. Na historia de
Moira, a bailarina morria quando tentava reiniciar sua carreira no palco; na de
Leslie & Farley & Ethel, um menino se transformava em enamorado da
professora num feitiço temporário (é a
trama que melhor se enquadra hoje e não à toa a de Minnelli) e na ultima,
trapezista magoado com a morte de sua partner convoca uma garota que amargava a
morte do marido num campo de concentração nazista. Tudo muito ingênuo,
fantasioso, realçando o tecnicolor, os interpretes e a musica melosa.
Na época eu
engoli a pílula. Hoje me irritei. Ficamos nós, publico vacinados de cinema
industrial & comercial. O leão da MGM era o signo dessa fase, de como se
vendia ilusões em sala escura. Os filmes dessa marca derrubaram os pobres
representantes europeus, especialmente os italianos neorrealistas, e cobravam
caro. Hoje são substituídos por versões de videogame ou heróis de gibis
modernos, sem o fascínio dos pioneiros desenhados por gente como Alex Raymond,
Lee Falk, Al Capp, Harold Foster, Clarence Gray e até mesmo Joe Shuster &
Jerry Siegel e Bob Kane, pais respectivamente do Super Homem (Superman) e O
Homem Morcego(Batman). Mas isso é outra historia.
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