segunda-feira, 28 de abril de 2014

As Estrelas do Leão


      Nos anos 50 eu vi, no Cine Independência, “A Historia de 3 Amores”. Representava a Metro Goldwyn Mayer, empresa que o exibidor Victor Cardoso definia, a mim, que era “uma companhia de elenco”. Sim, dizia-se que a Metro tinha mais estrelas do que se via no céu. E os filmes dessa empresa custavam caro. Quando começaram a cobrar percentual sobre a renda em cidades com mais de 1 milhão de habitantes o filme custava 50% contra os 40% rotineiros, ou seja, de outras empresas. E os chamados “cabeça de produção”,ou seja, os que vinham á frente nas listas oferecidas, cobravam 60%. Com isso a Metro afugentava certos exibidores. Os Cardoso & Lopes de Belém viviam pressionados por Luiz Severiano Ribeiro, dono de circuito nacional, e para viver pagavam o que lhes desse publico. Por isso contrataram a Metro quando o concorrente se afastava dela.

      “A Historia de 3 Amores”é um exemplar típico da fase histórica da “marca do leão”. Por sinal que a Metro era a segunda firma a ter cinema próprio no Brasil (no Rio e em S.Paulo). A outra era a Art, do italiano Sorrentino.

      Revi hoje, em DVD, “Historias...” Era um ninho de estrelas com Kirk Douglas, Pier Angeli, James Mason, Moira Shearer,Ethel Barrymore, Farley Granger e Leslie Caron. O filme abrangia 3 historias, contadas por Godfreid Reinhardt (2 delas) e Vincente Minnelli (uma). Todas começavam em um navio de passageiros a partir de flash-backs vindos de personagens-passageiros. Melodrama típico. Na historia de Moira, a bailarina morria quando tentava reiniciar sua carreira no palco; na de Leslie & Farley & Ethel, um menino se transformava em enamorado da professora num feitiço temporário  (é a trama que melhor se enquadra hoje e não à toa a de Minnelli) e na ultima, trapezista magoado com a morte de sua partner convoca uma garota que amargava a morte do marido num campo de concentração nazista. Tudo muito ingênuo, fantasioso, realçando o tecnicolor, os interpretes e a musica melosa.

      Na época eu engoli a pílula. Hoje me irritei. Ficamos nós, publico vacinados de cinema industrial & comercial. O leão da MGM era o signo dessa fase, de como se vendia ilusões em sala escura. Os filmes dessa marca derrubaram os pobres representantes europeus, especialmente os italianos neorrealistas, e cobravam caro. Hoje são substituídos por versões de videogame ou heróis de gibis modernos, sem o fascínio dos pioneiros desenhados por gente como Alex Raymond, Lee Falk, Al Capp, Harold Foster, Clarence Gray e até mesmo Joe Shuster & Jerry Siegel e Bob Kane, pais respectivamente do Super Homem (Superman) e O Homem Morcego(Batman). Mas isso é outra historia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário