terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Deu Ela


            E deu “Ela” como o melhor filme do ano passado. Não daria até que o revi no Mosqueiro em bluray. Jonze,o autor, seguia de perto “Simone”(2002)de Andrew Niccol onde Al Pacino fazia uma boneca de estrela de cinema –e lembro de outro enredo em que uma figura digital ganhava corações e mentes. Mas no caso do filme do cineasta de “Quero ser John Malkovich’ não interessava muito a fêmea digital. O caso era o solitário que atendia ao programa dessa figura. Poucos filmes chegaram de forma tão feliz à solidão deixando de lado a estética de alongar as sequencias como se a chatice fosse a formula ideal para se dimensionar um cinema anímico(e Antonioni, por exemplo, filmava caminhadas imensas de Monica Vitti ou derramava closes de outros astros e estrelas na fossa como alimentos dessa fossa).

            “Ela”é um raro filme sobre sentimentos que não é chato. Hoje eu não mais aturo filme chato. Já se foi o tempo em que admirava os trabalhos que tentavam derrubar a cinestetica tradicional em favor de um retrato mais feliz dos infelizes. Cinema, a meu ver, é cinemática mesmo, é parte da mecânica que conta historias de movimentos (ou com movimento)ou procura sensibilizar a partir de estímulos à memória de quem o vê.  Daí muitos dizerem que os filmes de efeito mimético são os mais queridos por certo publico. Claro que não gosto apenas do que me toca como experiência vivida, mas aprecio quem tenta partir de ideias que tenho de como traduzir em imagem o que se pode pensar (e sentir).

            Num ano pobre de cinema Ela sobressaiu. E em termos de revisão também mudei diante de “Viver,Amar, Cantar” o derradeiro filme de Alain Resnais. Apesar de teatral, usou o teatro como elemento de cinema com uma propriedade muito inventiva, Tanto que não filma uma peça, mas o ensaio de uma peça. E é como se nisso estivesse a própria marcação do palco com a vantagem dos closes e do modo como desvia o olhar para detalhes com os movimentos de câmera. No teatro, obviamente, você só tem um plano e nenhum movimento intrínseco. O cineasta de “Hiroshima Mon Amour” mostrou a diferença. E se o herói da historia morria, ele próprio se foi meses depois das filmagens. Tinha mais de 90 e provou a inteligência que persiste no provável envelhecimento dos neurônios.

            Vi poucos filmes em cinema. Em casa vejo a media de 3 por dia. O conforto casa com a qualidade dos produtos .

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