Nanni
Moretti é um dos poucos cineastas italianos sobreviventes da era Berlusconi, quando Cinecittá parecia se exaurir na falta
de estrelas como Fellini, Antonioni,De Sica, Rosselini, etc. Seu “O Quarto do
Filho”(La Stanze del Figlio/2001) emocionou milhões. Hoje ele chega com “Minha
Mãe”(Mi Madre/2015) focalizando um diretor de cinema inconformado com a morte
de sua genitora. Outra concepção pessoal. Mas o resultado não chega ao nível do
trabalho de 14 anos atrás embora seja melhor do que “Habemos Papa”, uma sátira sem
graça que ele realizou em 2011.
Moretti
é um memorialista com a câmera. Atua nos papéis biográficos e esta sinceridade
tenta passar a quem o vê. Por ser assim comunica com boa parte da plateia. Mas
nem sempre a formula alcança uma amplitude. Esta saudade materna é um exemplo.
Apesar disso, é um filme italiano e bom nível que foge de uma linha assustadora
deixada pela ausência dos grandes criadores de imagem.
Já “
Juventude”(Youth/2015) de Paolo Sorrentino puxa um caminho internacional, focalizando
um musico que tenta gozar de uma saudável aposentadoria nos Alpes e encontra um
amigo que lhe afasta da solidão. O reconhecimento de um melhor modo de viver o
faz recusar, pelo menos em principio, um convite da rainha inglesa(Elizabeth
II) para um concerto em Londres.
O
diretor se deu bem no páreo do Oscar com o seu “A Grande Beleza”(La Grande
Belezza/2013) um arremedo do “La Dolce Vita” de Fellini. A mim ele pareceu mais
sincero, ou original, neste novo trabalho, dando ênfase ao talento do veterano
Michael Caine , ator com pouca chance na Hollywood de hoje. O tipo vivido por
Caine consegue comunicar-se com a plateia e apesar do final previsível (e bem
cinema americano) o filme,em geral, é
sempre interessante. Não gostei nada de “...Beleza” mas consegui acompanhar com
interesse o velho artista decidindo a sua vida no crepúsculo.
Os dois
filmes italianos estão no Cine Libero Luxardo.
Pedro,
ResponderExcluirGostei bastante dos dois filmes exibidos no Líbero. Explico:
- Mia Madre traz uma bela discussão entorno da realidade e da artificialidade do cinema, mostrando-nos que, por mais bonito que possa ser o cinema, a vida ainda é mais bela e deve ser aproveitada em seus detalhes. É um belo estudo de metalinguagem.
- A Juventude é belo fotograficamente e traz uma temática interessante e atual. O envelhecimento. Achei muito legal o contraste entre os corpos novos e velhos ao longo do filme. E gostei muito da complexidade dos personagens que afastam-se da unimensionalidade. Belo filme.
Abraços!
Carlos Lira