A mostra de filmes europeus é uma dadiva ao espectador local
que deseja fugir do esquema de filme-diversão das salas dos shoppings onde se
qualifica o cinema como espetáculo de feira com mercadoria destinada a menores
mentais.
“Ocidente”(Westen),
representante da Alemanha, é um raro exemplo de se mostrar como a Berlim
Ocidental, do tempo em que a capital alemã estava dividida, não era o paraíso
apregoado em tantos filmes de Hollywood. Em 1978 a
cientista com doutorado em Química, Nelly Seniff(a ótima Jördis Tribel), deixa
a Berlim Oriental acompanhada do filho quando o companheiro é dado como morto em
outra cidade. Ela pensa que seu titulo escolar e sua neutralidade politica
podem gerar um bom emprego na praça capitalista. Mas é um engano e o drama que
sofre realça um quadro que a mídia, especialmente a americana propagou de forma
diversa. Direção de Christian Schwochow detentor de 12 prêmios internacionais
com base em um livro de Julia Franck, autora de um documentário biográfico.
“Alabama
Monroe” foi candidato a Oscar de filme estrangeiro(é belga). A origem é teatral
mas a direção de Feliz Van Groeninger dá uma dinâmica cinematográfica no drama
de um casal, ele musico especializado em canções “county”,que luta pela filha
doente.
“O Idealista”(Idealisten)
é dinamarquês. Longe da linguagem de um Lars Von Trier trata em tom documental
a investigação de um repórter sobre a queda de um avião americano na fronteira
com a Groenlândia portando uma bomba de hidrogênio. Informações escassas tentam
esconder um desastre ecológico ainda palpável. Dinâmica direção de Christina Rosendahl.
“O Limpador”(Cistic), da Eslováquia, focaliza um jovem faxineiro
que se diverte como “voyeur” e nisso encontra o amor em uma jovem maltratada
pelo amante. O romance foge da linha melodramática e tem um final atípico. Direção
de Peter Bebick.
“Feliz
Para Morrer”(Srecen za Umret) é da Eslovênia e me pareceu o mais sensível dos
filmes da mostra. Colocado pelo filho num asilo, um homem de 76 anos, depois de
perder a mulher e a casa, compra uma sepultura e só pensa em se preparar para o
fim. Mas ao frequentar aulas de informática encontra uma viúva que lhe dá um
alento apesar de seu gênio difícil. O final pode parecer enigmático mas o filme
sempre procura ser original dentro de um tema gasto pelo uso. Direção de Matevz
Luzar.
“As
Ovelhas Não Perdem Trem”(Las Ovejas no
pierden el tren) é da Espanha e tem um
toque “buñueliano”nas pitadas surrealistas de um grupo de quarentões que tenta
se acomodar na moda atual. Direção de Alvaro Fernandez Almero.
“Hope”,
filme francês do argelino Boris Lojkin trata de um argelino que foge de sua
terra levando consigo uma nigeriana em péssima situação(inclusive alvo de
estrupo). O objetivo é chega a Paris mas as dificuldades de seguirem juntos é
bem caracterizada nos planos amplos do deserto por onde caminha.
Impressionante.
“Aglaja”
da Hungria acompanha uma menina filha de gente de circo: um palhaço e uma equilibrista.
A juventude da personagem se faz num ambiente dramático onde os pais se separam
e a mãe ganha um emprego simbólico para seu estado de vida: seguir pendurada
pelos cabelos à grande altura. Direção de Kriszalina Deck. Tudo funciona
gerando emoções.
“Boas
Vibrações”(Good Vibrations), da Irlanda, é a luta do dono de uma loja que vende
discos na Belfast dos anos 70 quando estava acirrada a luta entre católicos e
protestantes e ainda o sentimento de revolta pela dependência inglesa. Ele atende
a uma banda de jovens apostando no rap em uma plateia que pague seus custos. O
ideal sempre é maior. Direção de Lisa Barros D’as e Glenn Leyburn.
“Só o
Melhor para os Nossos Filhos”(Haf Beste Voor Kees), da Holanda, centra-se num
menino autista, depois um homem preocupado com os pais idosos que sempre o
tratam. Um docudrama muito bem realizado por Monique Nolte.
“Aristides
de Sousa Mendes, o Cônsul de Bordéus” representa Portugal e trata do que foi
uma espécie de Schindler luso: um embaixador que recusa a ordem de ditador
Salazar em recusar a entrada de judeus na Lisboa do tempo da 2ª Guerra Mundial,
quando muitos fugiam do nazismo. Mendes arriscou posição e vida ajudando muitos
refugiados.Direção de Francisco Manso e João Correa.
“Uma
Separação”(A Separation) é um documentário sueco sobre como um casal desfeito
planeja o seu futuro, desde a arrumação da casa. Direção de Karin Ekberg.
Um
´programa a ser visto por quem realmente gosta de cinema,
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