O documentário “Cinema Novo” é um programa nostálgico e romântico,
lembrando filmes de uma certa juventude dos anos 60 com uma inteligente rima
entre sequencias (como as corridas que abrem a narrativa). Mas está endossando
algumas posições criticáveis do movimento em foco como a ausência de “O Pagador
de Promessas” de Anselmo Duarte, até agora o único filme brasileiro a ganhar a
Palma de Ouro do Festival de Cannes (e Glauber Rocha assistiu as filmagens na
Bahia). Aliás, Duarte foi execrado pelo cinema
novistas.
O filme
tem um plano da paraense Edna de Cassia, a atriz de “Iracema” de Jorge Bodanzky
sem que se diga quem é quem e a que filme se refere. Se não se fala em Anselmo
se fala de Walter Hugo Khoury, do cinema paulista numa linha introspectiva , de
Luís Sergio Person, da mesma índole, e pouco se diz de Roberto Santos.
Claro
que ninguém cita “O Cangaceiro” de Lima Barreto, coisa da Vera Cruz que traduzia
cinema tradicional. Mas não esquece,
felizmente, de Humberto Mauro, o pioneiro, como de Mario Peixoto que fez cinema
quando os neo-novos ainda não haviam nascido.
“Cinema
Novo” está longe de uma linha didática que sirva aos novos estudantes de
cinema. Quem nunca viu ou ouviu falar dos filmes mencionados continua no zero.
É um documentário para quem sabe do que se trata. E para esta gente pode ser
uma curtição. Eryk Rocha, filho de Glauber, acabou homenageando o pai dele.
Tudo bem, mas faltou dizer a linha sócio-politica-ideológica seguida pelos
cineastas abordados. Era um cinema de protesto. Contra a opressão do governo
militar vigente e também contra o cinema anestesiante vindo de Hollywood. Valia
a pena um “frame” dizendo isso.
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