sábado, 24 de dezembro de 2016

Cinema Novo

O documentário “Cinema Novo” é um programa nostálgico e romântico, lembrando filmes de uma certa juventude dos anos 60 com uma inteligente rima entre sequencias (como as corridas que abrem a narrativa). Mas está endossando algumas posições criticáveis do movimento em foco como a ausência de “O Pagador de Promessas” de Anselmo Duarte, até agora o único filme brasileiro a ganhar a Palma de Ouro do Festival de Cannes (e Glauber Rocha assistiu as filmagens na Bahia).  Aliás, Duarte foi execrado pelo cinema novistas.
                O filme tem um plano da paraense Edna de Cassia, a atriz de “Iracema” de Jorge Bodanzky sem que se diga quem é quem e a que filme se refere. Se não se fala em Anselmo se fala de Walter Hugo Khoury, do cinema paulista numa linha introspectiva , de Luís Sergio Person, da mesma índole, e pouco se diz de Roberto Santos.
                Claro que ninguém cita “O Cangaceiro” de Lima Barreto, coisa da Vera Cruz que traduzia cinema tradicional. Mas não  esquece, felizmente, de Humberto Mauro, o pioneiro, como de Mario Peixoto que fez cinema quando os neo-novos ainda não haviam nascido.

                “Cinema Novo” está longe de uma linha didática que sirva aos novos estudantes de cinema. Quem nunca viu ou ouviu falar dos filmes mencionados continua no zero. É um documentário para quem sabe do que se trata. E para esta gente pode ser uma curtição. Eryk Rocha, filho de Glauber, acabou homenageando o pai dele. Tudo bem, mas faltou dizer a linha sócio-politica-ideológica seguida pelos cineastas abordados. Era um cinema de protesto. Contra a opressão do governo militar vigente e também contra o cinema anestesiante vindo de Hollywood. Valia a pena um “frame” dizendo isso.

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