Filme de terror não é apenas historias de monstros
que surgem com acordes súbitos da trilha sonora para assustar o espectador
propenso a isso desde que, ao comprar
ingresso do cinema já saiba que gênero
cobre seu programa. Há exemplos de filme de terror em que o medo chega de
situações até mesmo triviais, adentrando em dramas ou comédias que não parecem
propensos(as) a isso. O caso deste “Sob a Sombra” do iraniano Babak Anvari que
por aqui só chegou em dvd.
O
roteiro, do próprio diretor, trata de uma jovem universitária do curso médico
que é impedida de continuar seus estudos porque se meteu com a esquerda na
Guerra do Iraque (Irã-Iraque) e que no ano da historia, 1954, ainda existe.
Fadada a ficar em casa tomando conta da filha de 9 anos, ela se torna irada
quando o marido, um médico que trabalha para o governo em cidades que sofrem ou
não os horrores da guerra, diz que ‘é melhor assim”. Passando o tempo, a
estudante guinada à dona de casa, passa a acompanhar a garotinha que lhe devota
grande afeição, na crescente amostragem de figuras horrorosas que de inicio se
prendem aos sonhos das duas depois passam a integrar o cotidiano a ponto delas
fugirem do ambiente.
O
diretor estreia no longa-metragem (havia feito antes 3 curtas). E imprime uma
atmosfera coerente com o pavor relatado. Ora é a fotografia esmaecida tendendo
para o vermelho, ora são os enquadramentos que passam de comportados médios planos
quando a família está reunida para uma profusão de cortes e manuais
dimensionando o pavor crescente das mulheres solitárias num mundo em guerra, e
ainda a trilha sonora que preza o silencio e jamais ganha tom nas cenas de medo.
A batalha formal chega a um clímax onde se vê o telhado da casa das personagens
virtualmente destruído. A guerra chegou ali, mas o terror pode ter chegado
antes pois a idéia de insegurança gera verdadeiros monstros e há um plano de um
deles debaixo da cama da menina.
Enfim
uma novidade num gênero aviltado com mesmices e/ou franquias deletáveis. Pena
que só nos alcance para telas menores. Mesmo assim, e talvez até por isso,
cumpra a sua missão .
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