Jorane Castro, que eu conheço desde criança, fez um longa
autoral corajoso com “Para Ter Aonde Ir” seu primeiro longa-metragem. Pra
começo de conversa ela conseguiu, através do seu fotografo Beto Martins, planos
subaquáticos em rio, coisa que o Libero (Luxardo) tentou em “Marajó Barreira do
Mar” mas desistiu pela recusa de Fernando Melo(na câmera);
O problema do filme de Jorane é a sua difícil comunicação
com o grande publico. Sequencias longas como a da abertura (com a objetiva por
trás da personagem que navega, deixando que se veja um rio amazônico) deve
cansar o espectador comum. E a licença surrealista numa boate em Salinas não me
pareceu se enquadrar no conjunto. Mas há verdadeiros desafios como uma tomada aérea
do carro na estrada. E a condução das interpretes, em nível altamente
profissional.
O tema adentra em estudo de caracteres com uma metáfora de base: uma
ilha que surge uma vez por ano. As 3 mulheres, Eva, mostrada
como a mulher madura mas com incertezas, Melina, que busca um amor e
Keithylennye, grifada como a suburbana que desejou ser "dançarina de tecnobrega”,
buscam essa ilha de felicidade que pouco se discute verbalmente ao longo de um “road movie”.
Onde se passa mais tempo & espaço dramático é no encontro mãe e filho
violonista numa barraca de Salinas. Seja a ser mais significativo na
arquitetura do tipo do que a favelada que percorre as estivas com o filho no
braço. Mas tudo é espaço para surgir a região. Há Belém, há estrada com a mata
modulando, há belas imagens de praia oceânica inclusive a que fecha a viagem
com as 3 à beira mar (endosso da metáfora base).
O filme é desses
que cada um pode ver de um jeito. Coragem da Jorane que não foi seduzida por um
folclorismo nem caiu na armadilha de um Antonioni tupiniquim.
Espero que o
filme chegue aos cinemas comerciais.Agradeço a visão prévia.
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