quinta-feira, 6 de abril de 2017

Para Ter Aonde Ir

Jorane Castro, que eu conheço desde criança, fez um longa autoral corajoso com “Para Ter Aonde Ir” seu primeiro longa-metragem. Pra começo de conversa ela conseguiu, através do seu fotografo Beto Martins, planos subaquáticos em rio, coisa que o Libero (Luxardo) tentou em “Marajó Barreira do Mar” mas desistiu pela recusa de Fernando Melo(na câmera);
O problema do filme de Jorane é a sua difícil comunicação com o grande publico. Sequencias longas como a da abertura (com a objetiva por trás da personagem que navega, deixando que se veja um rio amazônico) deve cansar o espectador comum. E a licença surrealista numa boate em Salinas não me pareceu se enquadrar no conjunto. Mas há verdadeiros desafios como uma tomada aérea do carro na estrada. E a condução das interpretes, em nível altamente profissional.
O tema adentra em estudo de caracteres com uma metáfora de base: uma ilha que surge uma vez por ano. As 3 mulheres, Eva, mostrada como a mulher madura mas com incertezas, Melina, que busca um amor e Keithylennye, grifada como a suburbana que desejou ser "dançarina de tecnobrega”, buscam essa ilha de felicidade que pouco se discute verbalmente ao longo de um “road movie”. Onde se passa mais tempo & espaço dramático é no encontro mãe e filho violonista numa barraca de Salinas. Seja a ser mais significativo na arquitetura do tipo do que a favelada que percorre as estivas com o filho no braço. Mas tudo é espaço para surgir a região. Há Belém, há estrada com a mata modulando, há belas imagens de praia oceânica inclusive a que fecha a viagem com as 3 à beira mar (endosso da metáfora base).
            O filme é desses que cada um pode ver de um jeito. Coragem da Jorane que não foi seduzida por um folclorismo nem caiu na armadilha de um Antonioni tupiniquim.
            Espero que o filme chegue aos cinemas comerciais.Agradeço a visão prévia.


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