No auge
do cinema falado, quando Hollywood mostrava as garras das produções de estúdios,
as comedias mudas chegaram a ser esnobadas. Mas o publico as preferia aos
melodramas desse tempo. Chaplin comandava. E hoje prossegue a preferencia.
Outra vez a Sessão com Musica do nosso centenário Olympia exibe Chaplin. Com
musica ao vivo, é hora de rever “Vida de Cachorro “e “O Imigrante” dois
clássicos deste artista que marcou o cinema e alias virou o seu símbolo .
A
comedia de Chaplin quase não tinha intertítulo. Tudo era visual e inteligível.
Ele filmava dezenas de vezes uma cena e na busca da perfeição passava horas com
seu elenco e pessoal técnico. Um curta metragem do comediante gastava muitas
vezes mais tempo na produção do que um longa de pretensão dramática.
Quando
eu era criança e tinha meu cachorro gostava especialmente de “Vida de Cachorro”
onde um au-au era estrela. Mas “O Imigrante” é a chegada de Carlitos à América.
Sempre inglês, sem nunca se naturalizar (fato que pesou na sua “deportação”),
mostrava seu personagem chegando de
navio a New York, vendo a Estatua da Liberdade, contracenando comicamente com
parceiros de viagem. Não era um documentário, mas uma visão em que o alegre se
opunha ao triste num quadro real de um tempo. Fosse hoje, com a garra anti-imigração
de Trump, Carlitos estaria expulso antes de chegar. Artista de sempre, previu a
garra xenófoba dos norte-americanos e mostrou como o imigrante era um herói sofrido.
Seu filme está entre os seus clássicos de curta metragem. Sempre é bom de
rever. Como, aliás, tudo de Chaplin, talvez com exceção “A Condessa de Hong
Kong”, sua despedida como diretor, uma ousadia do velho cineasta a pedido da
Universal Pictures.
Que
mais Chaplin chegue às nossas sessões especiais pontuadas pelo Paulo José na
tecla. O publico comparece sorrindo antes de sentar. E não há idade para marcar
este publico. Todos riem do sempre Carlitos...
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