Dois filmes da mostra de cinema italiano ora em Belém
mereceram especiais atenções: “Gli Equilibristi”(Equilibrista) e “Em Guerra por
Amor”(Em Guerra per Amore), O primeiro trata de um homem que aceita se separar
da mulher e não consegue manter um padrão de vida (ele é funcionário publico)
que dê para pagar necessidades dos filhos, a quota de esposa e sua misera
rotina. Vai passando gradativas necessidades e passa a dormir em seu carro. O
fecho da historia não chega à explicitude de um final feliz, mas deixa a
entender que vai voltar a morar em casa com mulher e filha(além de um menino).
O segundo é mais importante como politica&historia do que como realização artística.
Para ganhar a licença do pai da namorada para um casamento, o jovem siciliano
que mora nos EUA aceita embarcar como militar para a Sicília em pleno período de
guerra (a II mundial) e acaba se metendo no conluio dos ianques com a máfia para
diminuir as baixas na tropa. O final é antológico: o rapaz e sua noiva estão
sentados num banco defronte da Casa Branca esperando que o presidente Franklin
Roosevelt responda a uma carta que ele, soldado, trouxa da Itália, escrita por
um oficial amigo que fora morto, denunciando o papel dos mafiosos no governo
siciliano (“construir uma ditadura no lugar de outra”). Aqui e agora se sente
papeis de omissão e violência licenciada como formula de governo “democrático”(ou
pre-ditatorial).
Bem
realizados, os filmes impressionam. Especialmente o caso da
atuação do ator Valerio Mastrandrea que faz o “equilibrista”, ou o sacrificado
marido fora de casa (um amigo dele chega a dizer: “Volta para casa, divorcio é
para rico”). Confortante saber que o cinema da RAI conseguiu respirar depois da
morte dos grandes cineastas. Por sinal que “Em Guerra...”é dedicado a Ettore
Scola o diretor de clássicos como “Nós que nos amávamos tanto...”
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