quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Aconteceu Amanhã

“It Happened Tomorrow”, que por aqui se chamou “O Tempo é uma Ilusão”, é um caso bonito de dois títulos poéticos. O original, agarrado ao argumento, diz do homem que consegue ler o jornal do dia seguinte,portanto sabe das noticias que ainda não foram escritas. O que se deu por aqui joga com a fascinante Teoria das Cordas, ou do apêndice da Relatividade que trata da dimensão tempo como trata das outras dimensões conhecidas. Mas é maravilhoso ao jogar o calendário para cima e afirmar que não vale a pena se apegar contabilizar anos de vida quando a verdade é vida em anos.
O filme que saiu agora em DVD é o melhor que René Clair, o único cineasta a ganhar uma cadeira na Academia Francesa, fez nos EUA. Clair era um sonhador, também um poeta, e são muitos os seus filmes que fogem de um esquema realista propondo espaços oníricos (isto sem falar na sua adesão ao surrealismo quando iniciante em cinema). “Esta Noite É Minha”(Les Belles de la Nuit)é o meu preferido. Mas ainda tem “Entre a Mulher e o Diabo”(La Bauté du Diable), “`A Nós, a Liberdade”(A Nous La Liberte), “O Milhão”(Le Million), “Casei-me com uma Feiticeira(I Married a Witch), “Por Ternura Também se Mata”(Porte de Lilás) e até mesmo o seu canto de cisne, “Le Fête Galante”(As Festas do Coração).
Em “O Tempo é uma Ilusão” Dick Powell é um repórter que recebe de presente de um velho arquivista, na verdade o fantasma do velho arquivista (que ele não sabe se morreu) um exemplar do jornal do dia seguinte. O velho prova, dessa forma, a sua teoria de que o tempo é uma questão de busca em arquivo (uma página é o presente, virando à esquerda é o passado, e, no que se vai colocar à direita é o futuro). A “mágica” empolga e o jornalista pede mais. A oferta é alertada de que não se deve saber o que vai acontecer, e neste caso proporciona ao personagem a leitura da noticia de sua morte.
Na linha de comédia, começando com desmistificação, ou seja, apresentando o herói no dia de suas Bodas de Ouro, discutindo com a mulher que não quer que ele conte a sua história pois acha que todos vão rir, o filme é extremamente agradável, bem ao gosto de Clair nas seqüências curtas, no corte rápido, na alegria do elenco (Linda Darnell é a mocinha).
Eu exibi este filme através do Cine Clube APCC no auditório do Curso de Higiene da Faculdade de Medicina. Atendi ao colega Renato Menezes, fã de Clair. (Pedro Veriano)

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