quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A EDIÇÃO VALEU

Eu confesso que nunca fui admirador do rock. Especialmente do pesado, sem vestígio de melodia. Daí excluir Michael Jackson de minha discoteca. Apesar disso, fui ver “This is It” e reconheço o esforço do coreógrafo-diretor Kenny Ortega. Claro que ele só editou o filme (em película de 35mm) depois da morte do astro. Não acontecesse essa tragédia e os ensaios do show que não se realizou restariam fadados a bônus de DVD.
Ortega fez uma montagem fantástica. Há cortes e inclusões aos borbotões perseguindo cada seqüência. Parece que a técnica se propôs ao ritmo da música ou dança. É o que se chama de “machine gun cut” e eu só vi igual por George Sidney no “Amor à Toda Velocidade” que este diretor fez com Elvys Presley e Ann Margret.
Não tenho duvida de que vi cinema, desde que se conhece cinema como imagem em movimento. E o Ortega foi inovador em não jogar no trabalho o feitio de réquiem. Nem mesmo de tributo a MJ. Podia ter terminado com o artista de braços abertos. Foi além. Congelou a imagem depois que dissolveu qualquer resquício de emoção ligada à morte.
O único óbice, a meu ver, foi aquela menininha de braços abertos na mata quando se colocou o clip sobre ecologia. Desde “Menino de Engenho” de Walter Lima Jr dezenas de crianças rodaram com a câmera de braços erguidos imitando uma comunhão com a natureza. Até o amigo João de Jesus Paes Loureiro fez isso no seu curta “Colégio Sto Antonio”. E a garotinha do filme de MJ é digna de uma framboesa, aquele prêmio para as atrizes ruins. (PV)

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