Eu confesso que nunca fui admirador do rock. Especialmente do pesado, sem vestígio de melodia. Daí excluir Michael Jackson de minha discoteca. Apesar disso, fui ver “This is It” e reconheço o esforço do coreógrafo-diretor Kenny Ortega. Claro que ele só editou o filme (em película de 35mm) depois da morte do astro. Não acontecesse essa tragédia e os ensaios do show que não se realizou restariam fadados a bônus de DVD.
Ortega fez uma montagem fantástica. Há cortes e inclusões aos borbotões perseguindo cada seqüência. Parece que a técnica se propôs ao ritmo da música ou dança. É o que se chama de “machine gun cut” e eu só vi igual por George Sidney no “Amor à Toda Velocidade” que este diretor fez com Elvys Presley e Ann Margret.
Não tenho duvida de que vi cinema, desde que se conhece cinema como imagem em movimento. E o Ortega foi inovador em não jogar no trabalho o feitio de réquiem. Nem mesmo de tributo a MJ. Podia ter terminado com o artista de braços abertos. Foi além. Congelou a imagem depois que dissolveu qualquer resquício de emoção ligada à morte.
O único óbice, a meu ver, foi aquela menininha de braços abertos na mata quando se colocou o clip sobre ecologia. Desde “Menino de Engenho” de Walter Lima Jr dezenas de crianças rodaram com a câmera de braços erguidos imitando uma comunhão com a natureza. Até o amigo João de Jesus Paes Loureiro fez isso no seu curta “Colégio Sto Antonio”. E a garotinha do filme de MJ é digna de uma framboesa, aquele prêmio para as atrizes ruins. (PV)
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