terça-feira, 19 de outubro de 2010

Pequenos Grandes Atores

Vi na TV paga o filme chinês “Pequenas Flores Vermelhas”(Kan Shang qu hen mei/2006). O melhor de minha semana (e olhem que eu vejo a média e 2 DVDs por dia).
O diretor Yuan Zhang ousa denunciar a educação despótica da China revolucionaria (o tempo de Mao). Um menino de 4 anos (Dong Bowen)é levado pelo pai para um internato onde as professoras o engajam no jardim da infância. Lá se tem hora para tudo: comer, defecar, dormir, as mais elementares necessidades. O menino mostra que não é de se deixar dobrar. Resiste aos mandos das tirânicas mestras. Uma delas chama de monstro e chega a convencer colegas a atacá-la no dormitório. No fim de uma temporada de castigos, o maior deles é não ganhar as pequenas flores vermelhas que se dá como prêmio ao bom comportamento diário, o menino foge. A última imagem é dele deitado na rua. Cruel como certas verdades.
Impressiona o domínio dos desempenhos infantis. Eu já dirigi criança e sei como isto é difícil. Deve-se alcançar um grau de intimidade com o menor para que ele pense que o trabalho adiante das câmeras é brincadeira. E controlar muitas crianças é um desafio. Todas (e são mais de 50) convencem no que lhes pedem para fazer. Uma menininha dedo-duro “é um prodígio. A graça infantil serve de contraponto ao terror do mando. Basta um close do menino triste por não ganhar a sua flor, ou quando diz que “não consegue fazer cocô”, para se reter o filme na memória.
Yuan Zhang fez co-produção com os italianos. Não deve ser persona-grata em seu país. “Pequenas Flores Vermelhas” é uma ode à liberdade e a criança representa em tese isso mesmo, a liberdade exposta de modo franco.

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