Vi mais um Círio. Pela primeira vez de um ângulo que mostrou o “cotovelo”do Boulevard Castilho França com a Av. Presidente Vargas, cenário que dimensiona a multidão de devotos. Justificou o que ouvia desde crianças quando a referencia para muita gente era : “parece o Círio”.
A mídia local (jornais,rádio e TV)cobriu bem a tradicional romaria. O resto do país, especialmente o sudeste, calou (ou se falou foi cochichando, não ouvi). Não é novidade. Se acontecesse uma tragédia daria manchete. Mas a santinha não deixa que isso motive os que só se lembram da gente quando abrimos canal para a morte.
No cinema, meu terreno, lembro de quantas vezes o Círio foi registrado. Tenho cópia em DVD do que me parece um dos primeiros filmes longos em que aparece a berlinda e o povo acompanhando: o inglês “O Fim do Rio”(The End of the River/1947) com Sabu e a jovem Bibi Ferreira. Tempo em que se andava de roupa branca (paletó) e chapéu de palha. Herança do figurino inglês. E depois disso os estrangeiros só voltaram no absurdo “Os Bandeirantes” de Marcel Camus onde se aludia a uma ferrovia ligando Pará ao Ceará. O mais foi prata da casa. Libero Luxardo dava a sua de Hitchcock aparecendo nos dois exemplos de sua autoria: ”Um Dia Qualquer”(1962), hoje uma lenda, e “A Promessa”(1974) episódio de “Brutos Inocentes”.
No rol dos longas eu acho interessante o “Iracema”(1974) de Jorge Bodanszy até pela fala de um policial que ao ser entrevistado sobre o que está achando do Círio daquele ano ele diz, consultando o relógio “São 9 horas e já estamos chegando na avenida Nazaré” como quem acha que a multidão está correndo.
Ainda falta “o filme” sobre o Círio. Sei que nos idos de 1924 exibiram “Os Milagres de N.S. de Nazaré”, produção de um anônimo que mostrou Plácido achando a imagem e a lenda de que ela voltava para o galho da árvore onde foi achada quando lhe tiravam do lugar. Procurei muito este filme. Achei quem o viu, não quem trabalhou nele. Isso mostrou que não foi um sonho . Algum mascate rodou seu cinematographo dramatizando um tema.
O mais é como as salas exibidoras da cidade se comportavam durante a festa. Festivais, brindes, teatros, o arraial no centro da praça. Não é uma rendição à nostalgia mesmo porque eu detestava o fato de brigar por uma poltrona nesses espaços. Mas havia mesmo uma festa de 15 dias. Agora é de um. Hipertrofiada nesse um.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário