terça-feira, 23 de abril de 2013

101 Auroras

O cinema Olimpia emplaca 101 anos. Eu o conheci quando tinha 5. O filme foi “O Mágico de Oz” com Judy Garland cantando “Over the Rainbow”. Mas o que roçou minha memória foram as muitas matinais de domingo e as sessões da tarde em dias de semana. Eu morava perto e não perdia estreia que me interessasse. Creio que descobri cinema a partir dessas visitas ao prédio de Pça da Republica. Neste aniversário exibe-se “Aurora” de Murnau. E é sobre ele meu registro. A primeira escolha de melhores filmes de sempre feita pelo pessoal da APCC(Associação Paraense de Críticos Cinematograficos) foi publicada em um dia dos anos 70 e no seguinte ao da publicação encontrei Francisco Paulo Mendes meu ex-professor de literatura portuguesa e então frequentador assíduo do meu Cine Bandeirante (na garagem de minha casa) que ao me ver foi logo perguntando: “_Cadê “Aurora”? E eu, desconhecendo o filme, fiquei no ar. Só anos depois deparei com uma cópia em 16mm. Vi e parei. Nessa noite veria outro filme em seguida. Não quis mais ver. Bastou aquela aurora de brilhante cinema, com aquele romance que promovia o ator de faroeste George O’Brien a grande interprete. E Janet Gaynor que morou em Goiás, imortalizou a esposa que reencontra o marido, o quase seu assassino. Toda uma lovestory na linha expressionista .Um dos derradeiros sucessos do cinema mudo. Nos 80 eu e Luzia demos para o maestro Izoca, de Santarém, uma cópia VHS de “Aurora” sabendo que ele amava o filme. Veio um agradecimento lapidar: “-No crepúsculo da minha vida vocês me deram a aurora”. Nada melhor para saudar o filme. E hoje, imitando ontem, ele passa com musica ao vivo. Nada melhor para saudar mais uma etapa de um cinema que orgulha a gente por abriga-lo. Salve Olimpia de tantas gerações!

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