quarta-feira, 23 de julho de 2014

Um Lobo na Cabine

Carlos Lobo, que se foi semana passada, aprendeu a manejar projetor de cinema (35mm)com o Baltazar Pimentel, o "faz tudo"do grupo Severiano Ribeiro que eu levei ao Cine Libero Luxardo nos primeiros dias da sala (julho de 1986). Os projetores de marca Hercules (feitos em MG) foram surpresa até para o Secretario de Cultura, Acyr Castro.Pareciam presentes régios quando eram de gregos. Tinham tambores dentados para 16mm que nada mais eram do que dentes internos nos tambores de 35mm. Quebrei um filme 16mm nesta franquia.
O Baltazar logo voltou ao Olímpia e ao Grêmio Português quando o cineclube APCC precisava. Ficou o Lobo. Logo dominou o "monstro" sempre pedindo outras máquinas. Ganhou duas usadas pelo Banco Central, mas da mesma origem. Ali exibiu muitos filmes marcantes, alguns em mostras nacionais. Lembro do Festival Atlântida com relíquias na bitola. Foi um carnaval com direito a confete e serpentina.
Eu saí do Libero e o Lobo ficou, Mas nunca foi funcionário. Eu era medico da SESPA, emprestado para a então SECULT. Muito depois, fui ao Libero como espectador e reencontrei o Lobo. E assim foi por muitos anos. Depois o vi no Cine Estação onde domava outros projetores difíceis. Nesse tempo ele já não temia segredos técnicos.Dominava tudo. E passou filmes até morrer.
Os grandes artistas que ficam atrás dos projetados não podem deixar de ser lembrados por quem vai a cinema. O modo de exibir filmes muda, há o DVD projetado e o projetor digital para grandes espaços, mas a direção dessas técnicas cabe ao homem. Os lobos que desafiam os chapeuzinhos vermelhos até porque não são maus.Não papam vovozinhas mas são ferozes inimigos dos que detratam uma arte que transpira beleza.



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