sexta-feira, 18 de setembro de 2015

O Legado de Carlos Manga

               Morreu Carlos Manga. Há pouco li o seu livro de memórias. Começou ao cinema dirigindo números musicais das chanchadas. Depois, ganhando a confiança do dono da Atlântida Cinematográfica, Luís Severiano Ribeiro Jr, chegou à direção. E fez muitos filmes da empresa, a começar com os carnavalescos que surgiam no inicio de cada ano apresentando o que se deveria cantar na festa de Momo, simultaneamente chegado em disco 78 rpm por cantores em moda.
               Manga deu um novo impulso ao artesanato da comédia. Conta que quando fez “O Homem do Sputnik”(1959) chegou a perder um curso nos EUA por conta da critica deixada no papel de Jo Soares (aquela sequencia em que o norte-americano sabendo da queda do satélite russo no Brasil explicava: “Brasil é o capital de Buenos Aires...”).
               É dele um punhado de clássicos que atraiam multidões como “Nem Sansão nem Dalila”, “De Vento em Popa”, “Guerra ao Samba” e “Garotas e Samba”. Dirigia o grande Oscarito, e foi marido de Inalda, a “miss Cinelandia” do tempo da revista que levava esse nome. Depois de fazer filmes fez televisão(novelas e programas cômicos). No seu livro conta o que deve interessar aos que acompanham o cinema no país (não só o cinema feito no Brasil mas o cinema que atraia o publico brasileiro).
               Eu lembro o tempo da chanchada com muito carinho. A estreia de uma delas, no Olímpia(da família Ribeiro) fazia fila na porta desde o meio-dia quando a primeira sessão era ás duas da tarde. Não esqueço quando em um desses programas o publico levantou o quadro que ficava acima da bilheteria e atirou sobre quem estava querendo furar a fila. E outra vez, no caso da estreia de “Guerra ao Samba”, zombava do boato de que a casa ia desabar pois a viga mestra do telhado estava corroída pelos cupins (um jornal chegou a publicar uma foto disso). Eu fui, sentei na ponta de uma fila perto da entrada (e tela) e só vi e ouvi as piadas de Oscarito .
               Manga foi muito importante na historia do cinema brasileiro. É preciso que se escreva que isso não é só tratar dos intelectuais que esnobavam com filmes densos. Fazia divertir um publico quando a televisão engatinhava. E sentiu, quando esta passou a usar suas próprias pernas, que era hora de se deslocar de casa. Fez TV de 1995 a 2007.
               Provavelmente algum filme de Manga chegará agora ao Olympia(com o velho”y”) em sua homenagem. Ele tomou o fio deixado por Watson Macedo, o diretor de “Aviso aos Navegantes”(1951) e mais comédias com o carnaval fazendo a vez de sal no prato.
              

               

Um comentário:

  1. Dr.Pedro foi uma grande perda mesmo, lembro das chancadas que vi na tv e em algumas mostras de cinema dirigidas por ele.

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