terça-feira, 14 de junho de 2016

Festival de Terror

                Quem tem medo em cinema? Os chamados “filmes de terror” possuem publico desde que a “cena era muda”. Afinal de que se valia o expressionismo alemão além do fato de pressagiar o nazismo com o seu Caligari ?Hoje o nosso Olympia vai passar 6 filmes do gênero escolhidos entre os que amedrontaram espectadores. Eu confesso que temi “O Solar das Almas Perdidas”quando exibi a cópia 16mm no meu Bandeirante. A sequencia final, com Ray Milland atirando um castiçal sobre um espirito que se materializava na escada onde morava a filha (Gail Russel) desse espirito , realmente impressionava. Lewis Allen, o diretor,fez 63 filmes, muitos para a TV (de onde saiu seu único premio, o Emy). Focalizava uma jovem herdeira perseguida pelas almas da madrasta em luta contra a de sua mãe. Dois fantasmas reconhecidos pelo perfume que exalavam. Bom trabalho de uma esquipe capaz. Tanto que pode ser visto hoje depois de 72 anos de edição.
                Mas as minha filhas ainda não podem ouvir a musica dos coveiros em “Obsessão Macabra” um dos melhores filmes que o produtor-diretor Roger Corman fez com base em textos de Edgar Allan Poe. O original literário consome menos de duas paginas. Poe contava o horror de um homem que sabia possui a herança genética de catalepsia e tinha certeza de que seria sepultado vivo. Por isso construíra em sua casa um mausoléu com o necessário para fugir dali ao despertar do que se assemelhava o “sono eterno”. Só que a mulher dele, ambiciosa, enterrou-o longe para garantir a herança. E o homem despertava na cova e fugia para se vingar.  Ray Milland mais uma vez era veiculo de pavor.E a direção de arte que presidia a serie que Corman fez baseada em Poe deu o recado pretendido.
                “A Aldeia dos Amaldiçoados” a gente consumiu como ficção cientifica. Ets surgiam no ventre de mulheres de uma aldeia inglesa. Todos nasciam no mesmo dia e eram parecidos como gêmeos univitelinos. Andavam juntos e matavam quem os contrariasse. Um professor idoso que sabia ser impossível sua esposa ter engravidado por sexo com ele, assume a luta contra esses meninos diabólicos e a sequencia em uma sala de aula onde ele colocou uma bomba é clássica.
                O diretor Wolf Rilla era alemão e fez poucos filmes,notabilizando-se com este que seguia um livro de John Wyndham. Ele próprio figurou entre os roteiristas. E trabalhou muito bem o que tinha em mãos. Tudo funciona dando margem ao ultimo bom papel do veterano George Sanders.
                A mostra tem ainda homenagem a serie de terror produzida por Val Lewton para a RKO nos anos 40. “A Maldição do Sangue de Pantera”, sequencia de um sucesso dirigido por Jacques Tourneur, dava chance ao jovem editor da empresa, Robert Wise, conhecido por ter montado “Cidadão Kane” e alvo da briga com Orson Welles por encurtar, seguindo ordem do estúdio, “Soberba”, do mesmo diretor. Wise ganharia fama em diversos gêneros e neste pequeno ensaio de 1944 mostrava Simon Simon como  fantasma da mae da menina protagonista. Impressiona até hoje.
                Da mesma fonte é “A Morta Viva” que em Belém ganhou propaganda sui-generis, com horários próprios para quem tivesse medo. Um caso de vodu, feitiço havaiano que impedia a morte da personagem deixando-a em coma e ainda assim vagante pelas imediações. A direção é de Tourneur.
                Finalmente um terror relativamente novo: “A Tortura do Medo”. O produtor e diretor inglês Michael Powell (de “Os Sapatinhos Vermelhos” e quem bancou “O Fim do Rio” filme feito no Pará com Sabu e a então jovem Bibi Ferreira) narrava a ação de um fotografo maluco que desejava registrar o terror da morte acionando uma arma na câmera para gravar a face de quem sentia o potencial do medo. Karlheinz Bohm, o príncipe da série Sissi, fazia o doido.Por sinal que ele morreu em 2014 com 86 anos.
                Um senhor programa.



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