Eu fui
o primeiro programador do cinema Libero Luxardo(Centur). Na época era médico da
Secretaria de Saúde e fui emprestado para a Secretaria de Cultura. Lembro de
que a sala inaugurou com um documentário sobre Tancredo Neves politico que deu
nome ao espaço cultural. O nome da sala para exibição de filmes (e também teatro)
veio do então Secretario de Cultura, Acyr Castro. Como nesse tempo(1986) eu ainda
mantinha o CineClube APCC que atuava simultaneamente no Cine Guajará da Base
Naval, Grêmio Português e auditório do Curso de Odontologia da UFPa, conseguia
bons contatos com as distribuidoras de filmes. Não existia dvd, engatinhavam as fitas vhs, e projeção digital
era ficção cientifica. Pagava frete de filmes em 35mm . Às vezes o frete aéreo era
mais caro do que o aluguel do filme., Mas como eu tinha credito nas filiais de
distribuição e ainda mantinha coluna e pagina de cinema, dava para manter
sessões cineclubinas que normalmente saiam de meu bolso. Programando o Libero, arrisquei
meu prestigio, pois o pagamento das faturas era burocrático, atrasava e ainda
tinha de cancelar títulos que entravam na programação de peças teatrais, fato
que me fez renunciar a tarefa de programador dois anos depois.
Lembro
de muitos filmes exibidos nos primeiros anos. Conseguia copias que as salas
comerciais não queriam, como “Crimes e Pecados” de Woody Allen, e conseguia
mostras de diversos países, a exemplo de uma da Polônia que contou com a
presença do adido cultural da embaixada daquele país chamado Eugeniusz
Zadusrski.
Bem,
dos meus anos programando o cineminha que levou o nome de uma pessoa que eu
conheci de perto, lembro com emoção momentos como um festival da Atlântida que
consegui diretamente com Severiano Ribeiro em raras copias de 35mm. A abertura
com uma palestra de Olavo Lira Maia, que foi Secretario de Cultura e amigo da família
de Oscarito, foi sensacional. Um grupo de teatro armou a cena de um carnaval
atirando no publico confete e serpentina.
Exibi
raridades como “Berlim Alexanderplatz” de Fassbinder, dividido em partes que
cobriam mais de 8 horas. E atendendo a estudantes, programava filmes de livros solicitados
no exame vestibular como “Menino de Engenho”e “Capitu”. Era tanta gente que
houve um acidente quebrando-se a porta de entrada.
Hoje a
sala comemora 30 anos. O programa que recebi não é nem de longe o que se
mostrou. Penso que do grupo só estão “Vá e Veja” e “Morte em Veneza”. Mas é
certo que se deve passar coisas novas. Vale o esforço mas vale principalmente a
programação de rotina que traz o que as nossas salas comerciais desprezam.
Agora com projetor digital a locação é mais tranquila embora as distribuidoras,
sempre ávidas por lucro, cobrem uma garantia mínima da venda de ingresso que
muitas vezes só se paga com dinheiro da casa. Enfim, é o espaço de cinema-cultura
que a não chega às salas de shopping, cada vez maiores em numero e sempre lembrando
onde estão, ou seja,um detalhe de consumo, ou um parque de diversões.
Luxardo
ficaria satisfeito vendo o cinema que leva o seu nome persistindo por 30 anos.
Que somem outros tantos e tantos são os meus votos.
Tirando o desconforto das poltronas. O Líbero é a melhor sala que temos na cidade. Uma pena que o Cine Estação, mesmo de posse de projetor novo, esteja com uma programação raquítica e o Cine Olympia não tenho o seu projetor digital. Vida longa ao Líbero!
ResponderExcluirO libero Luxardo éa sem duvida um marco na cultura cinematografica de Belém, chega aos 30 anos superando as crises tem que ser festejado mesmo.
ResponderExcluirO libero Luxardo éa sem duvida um marco na cultura cinematografica de Belém, chega aos 30 anos superando as crises tem que ser festejado mesmo.
ResponderExcluirAh, Veriano! Que saudades do cinema da base Naval e do Grêmio Português!!! Pura nostalgia!!!
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