Com “Julieta”(2016)
Pedro Almodóvar se redime de coisas terríveis como o seu filme anterior ‘Os
Amantes Passageiros”. E para esta volta
à forma se apega ao melodrama, gênero latino, especificamente de língua hispana,
contando a historia da personagem-título, apaixonada e gravida de um pescador recém-viúvo
e logo morto em uma tempestade marítima. A filha desta relação logo que pode
foge do domínio materno e simplesmente some do enredo. Mas antes de sumir
sabe-se dela quando Julieta encontra uma velha amiga numa rua de Madrid e esta
lhe fala da jovem a quem não vê por mais de uma dezena de anos, agora é mãe de
3 crianças e não perecendo ter saudades da
infância. Julieta vive oscilando no relacionamento com um escritor e
depois de muito tentar corresponder-se com a filha recebe uma carta dela com
endereço de remetente. Ao invés de simplesmente responder a carta segue com o
novo par ao encontro da garota. Bem, essas pessoas não estão flanando na tela.
Todas sofrem. A mãe de julieta morre depois de anos de doença. O pai casa
novamente e pouco se manifesta. A sogra de Julieta também morre. A amiga de sua
filha vê-se com incurável doença. O
primeiro neto morre afogado. Enfim, não há um tipo na trama vinda de três contos
de Alice Munro(“Ocasião”, “Daqui a Pouco” e “Silêncio”, todos no livro
“Fugitiva”), que não chore por alguma coisa. Contrasta os dramas com a paisagem
belíssima de beira-mar tratado em cores vivas como Almodóvar gosta que se
mostre seus cenários.
Não há um
tom melódico acompanhando os dramas. Nem atores chorões. Quando Julieta prefere
ficar morando em Madrid sem nem mesmo ir a Lisboa com o namorado, é como se
dissesse que na Espanha o melodrama funciona melhor. E dentro desse gênero tão
caro a filmografia de tantos cineastas hispano-americanos o novo filme do diretor
mais evidente no novo cinema espanhol sai-se bem. Deve-se em especial à atriz
Emma Suarez que faz Julieta adulta (ou idosa). Há quem ache ruim ela estar
escrevendo à filha, na primeira parte da historia, contando tudo o que se vai
ver. Mas melodrama não é cinema que se feche para o espectador matar cabeça
analisando comportamentos. É o avesso da introspecção de Antonioni. O que se
quer é que a trama chegue fácil e assim comunique com o espectador comum.
Almodóvar
não voltou a excelência de um “Fale com Ela”, mas fez um filme que se vê sempre
com agrado. Eu gostei do que vi. É uma Julieta de Romeu perdido sem abdicar da
tragédia shakespeariana. Valeu.
Gostei desse filme do Pedro Almodovar ja um dos melhores do ano para mim, depois do ultimo Amantes passagieros exibido por aqui, Almodovar voltou a velha forma
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