terça-feira, 27 de junho de 2017

Frantz

Quando eu exibi em casa,no meu Cine Bandeirante, a copia 16mm de “Não Matarás!” filme de Ernst Lubitsch, fiquei comovido com o que vi. O drama de um soldado francês que depois da I Guerra Mundial resolve ia à Berlim pedir desculpas aos pais de um soldado alemão que ele matou durante o conflito. O interprete do pai do soldado morto era Lionel Barrymore. O filme vinha de um texto de Reginald Berkeley e a produção era de 1932. Hoje eu vejo a nova versão, “Frantz” do cineasta francês François Ozon. Quase o mesmo argumento, recebendo tratamento no roteiro do diretor e de Philippe Piazzo. Só que Ozon estica a historia e se vê o soldado francês como um homem noivo em sua terra, longe de corresponder ao amor que lhe passa a dedicar a namorada do alemão que matou. Em “Frantz” há sequencias da jovem que chorara a morte do amado e já  estava aceitando o francês como novo amor, procurando o rapaz em Paris e deparando-se com uma realidade que preferira esquecer.
         Também o nome do soldado morto que dá titulo ao novo filme é outro na versão de Libitsch:chama-se Walter. E o ultimo plano é dos velhos pais dele abraçados e emocionados com um numero de violino e piano executado pelo visitante que jamais diz a eles ser o assassino de seu filho, e da filha que perdoa o crime de guerra.
         Os dois filmes possuem qualidades estéticas distintas. Em Libitsch a iluminação expressionista ajuda na ênfase do drama relatado. Mas Ozon usa a cor nos momentos em que se evoca Frantz, especialmente quando é personagem de um falso relato de seu assassino(se é que se chamava assim o atuante em guerra).
         A historia visa a dimensão maravilhosa do perdão. Foi difícil os alemães aceitarem os antagonistas no conflito de 1914-18. Até porque a Alemanha perdeu territórios, ganhou uma hiperinflação, acabou ladeando para um governo tirânico que levaria o país a um conflito maior.
         Os dois filmes são marcantes. E o de Ozon ganha a difícil tarefa de voltar a um assunto que deu margem a um clássico do inicio do cinema falado.



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