segunda-feira, 1 de março de 2010

Quando Trabalhar É Mais Divertido

O profissional que se diverte trabalhando é um agraciado da sorte. Meryl Streep pode estar nesse clube. A atriz, hoje na casa dos 60, chorou rios em atuações pregressas como em “A Escolha de Sofia” e “Kramer Vs Kramer”. Agora ela ri. Riu como cantou e dançou em “Mamma Mia”, ri fazendo guloseimas em “Julia & Julie”, e ri em mais de 80 minutos dos 120 de “Simplesmente Complicado”(It’s Complicated).
No filme de Nancy (Melhor é Impossível) Meyer, a talentosa Streep é uma mulher divorciada que o ex-marido assedia e a leva a fazer sexo depois de 10 anos de jejum. Convenhamos que é muito. Uma amiga, dessas de rodas em bar (mulher também fazem esse tipo de reunião) conta que conheceu uma fulana que de tanto jejuar sexo viu fechar a sua vagina (“teve de fazer uma vaginoplastia”). Sei lá se foi medo ou a cantada de Alec Baldwyn deu certo: Meryl transa com o “ex” (que a chifrou no passado) e a coisa se repete pelo menos por mais duas vezes. É o ponto em que a mulher detém as gargalhadas e diz que não foi feita para ser amante de quem foi seu marido. No banco de reserva está o arquiteto vivido por um Steve Martin quieto demais. E do lado de Baldwyn está uma esposa, Lake Bell, com idade de ser sua filha.
O romance em geometria confusa (é um quarteto e não o velho triangulo) não se resolve plenamente. Nessa posição é que a diretora joga com um elemento cabeça: filma na chuva o balouço onde estavam Meryl e Alec conversando sobre a sua situação, e rima com Martin atendendo a convites de Meryl para comer um doce em sua casa. Aí a platéia entende que tudo vai ficar como antes no quartel de Abrantes (não é assim que se diz?). Mas...será mesmo ? “It’s Complicated” pode ser simples como o titulo porém o roteiro, da própria diretora, não embarca na canoa furada que é meditar sobre velhos amores. Para a platéia de comédia romântica o tempo corre numa horizontalidade sem desvios. O certo, porém, é que alguns atores parecem se divertir mais do que os que os vêem. Afinal, Meryl ri. Nem como propaganda de dentifrício se mostra tanto a dentadura. (Pedro Veriano)

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