Eu vi quase todos os filmes interpretados por Elizabeth Taylor. Ainda criança assisti ao seu segundo papel: “A Força do Coração”(Lasse Como Home/1943). Ela, aos 11 anos,dividia as honras estelares com a cadela Lassie. Mas foi em “4 Destinos”(Little Women/1949) de Mervyn LeRoy que começou a chamar a atenção. Era uma das irmãs de June Allyson, Janet Leigh e a chatinha Margaret O’Brien(a única ainda viva). Foi mais evidente do que como a filha de William Powell em “Nossa Vida com Papai”(Life with Father/1947)de Michael Curtiz, um filme que eu confundo com o “Papai Batuta”(Cheaper by the Dozen/1950) de Walter Lang com Clifton Webb. Não demorou e Liz, como as revistas especializadas em divulgação de cinema comercial passaram a lhe chamar, ganhou aquela área das estrelas cinematográficas sujeitas às fofocas das Louella Pearson & Hedda Hopper em jornais norte-americanos.
Muitas vezes casada, muitas vezes interrompendo filmagem por doença, a atriz tentou provar que não era só a cara bonita das “fitas” da Metro, começando com a menina rica de “Um Lugar ao Sol”(A Place in the Sun/1949) na Paramount, obra-prima de George Stevens. Ficou na memória do espectador o beijo com Montgomery Clift focalizado em vários “takes” sem sair do close. Longe do beijo erótico de hoje, foi a síntese daquele encontro de “status”: da bela com uma fera enjaulada no preconceito por ser parente mas alijado pelo nível social.
Liz ganhou Oscar injusto em “Disque Butterfield 9”(1960) mas fez engolir seus críticos com a nada elegante mulher da peça de Edward Albee “Quem Tem Medo de Virginia Woolf”(How’s Affraid of Virginia Woolf) exemplo de bom teatro filmado (por Mike Nichols).Para o grande público foi uma Cleopatra de milhões e dolares e pouco cinema, foi a esposa de Rock Hudson em “Assim Caminha a Humanidade”(Giant/1956) e foi a Susanna sulista de “A Arvore da Vida”(Raintree County/1957) um espasmo saudosista da MGM em reanimar o cenário de “...E o Vento Levou”.
Mas a gente aplaudiu o seu papel em “Gata em Teto de Zinco Quente”(Cato n a Hot Tin Roof/1958) peça de Tennessee Williams filmada por Richard Brooks, e principalmente em dois filmes hoje esquecidos:”Os Farsantes”(The Comedians/1967) de Peter Glenville e“Cerimonia Secreta”(Secret Cerimony/1968) de Joseph Losey. No primeiro ela estava com o então marido Richard Burton, com quem casou por duas vezes, e no segundo com Robert Mitchum. Nesses exemplos estava uma atriz madura. Pena que depois disso fizesse muito pouco de bom. Antes teve o caso de “O Pecado de Todos Nós”(Reflections on Golden Eye/1967) de Peter Glenville e “De Repente..no Último Verão”(Suddenly Last Summer/1959) outra peça de Tennesse Williams aí com roteiro de Gore Vidal e direção de Joseph L. M Mankiewicz (que a dirigiria em “Cleopatra”). Sempre teatro.
Nos últimos anos a atriz limitou-se à TV. Fez séries e filmes específicos. Já no final da vida estava usando cadeira de rodas e tentando arranjar um coração que se hipertrofiava a cada passo. Morreu por causa disso. Mas já estava morando nos velhos trabalhos reprisados constantemente pelos que amam o cinema. Eu digo amam o cinema, pois entendo cinema como um prazer, jamais como um apelo masoquista.
Liz se foi fisicamente. A imagem está.
quinta-feira, 24 de março de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário