A moda atual da indústria cinematográfica
norte-americana é adaptar livros dedicados aos jovens e que fizeram boa
carreira nas livrarias. Depois de “Jogos Vorazes” e “Divergente” chegou “O
Doador de Memórias”(The Giver),este mais pretensioso na abordagem filosófica,
arranhando um possível engano.
Tudo bem que eu achei o filme bem
realizado Não à toa que Meryl Streep aceitou fazer uma ponta e Jeff Bridges ter
brigado para sair um projeto que estava na mira de seu pai, Llloyd, e a Warner
protelou. Mas a ideia de uma sociedade pacifica embora extremamente controlada
passa como uma trágica opção para os males do mundo. Reparem: no sistema político
& social do filme as pessoas tomam todos os dias uma injeção para não ter
memória. Daí se parte para a ausência de mentiras, a consequente inveja atiçando
o ódio,a ausência de partidos, e processos bizarros como a hegemonia física a
partir do nascimento, com as crianças concebidas em laboratório(ah sim, não há
sexo) selecionadas por técnicos que observam do peso ao comportamento(muito
choro por exemplo), e a deportação dos idosos para uma estação que ninguém
explica como é que é (certamente uma sala de espera da morte).
O doador de memórias é uma
autoridade que passa por um treinamento. O treinador é um velho que consegue
lembrar o passado ou o tempo antes de estabelecida a sociedade hegemônica. Ele
mostra ao jovem doador como se comportava o homem com o chamado “livre arbítrio”.
A morte de um elefante é dramática. Mas o pior são as guerras, os massacres de
mulheres e crianças, enfim o lugar comum de um mundo que não se emenda.
Apesar de se ver que antes era pior,
o filme acaba dizendo que a atualidade é ainda mais abominável. Não passa
alternativa: ou o homem aprende a viver junto com outro deixando que se molde
suas ideias ou prossegue na crueldade.
Sei lá, mas os nazistas pensavam
assim. Hitler propunha um milênio de prosperidade a partir de uma Alemanha que
saía das cinzas de uma guerra, atacando os “vilões” que começariam com os
judeus donos das grandes industrias e bancos. Por outro lado, Stalin tentou o
comunismo utópico onde se fazia um crivo social deportando ou matando os indesejáveis.
No filme de agora há um plano do menino chinês defronte de um tanque, celebre
momento de protesto ao governo fechado de Mao Tse Tung. Em suma: a utópica cidade
& estado de “O Doador de Memórias” seria o superlativo dessas ditaduras com
um resultado mais evidente posto que acobertado pela ciência (esquecer, por
exemplo, é uma forma de manter a paz entre heterogêneos).
Claro que o roteiro ou o livro
original prega que o heroi da historia termina saindo deste glorioso inferno e
respirando aliviado numa cabana depois de andar quilômetros no gelo(tudo metafórico).
Ele carrega um bebê desprezado que simboliza o protesto ao estado de onde veio.
E aí ? A namorada que fica (e escapa de ser eliminada por desobediência) pode
escapar dos ditadores pois, uma vez ultrapassado um limite do mundo sem memória,
tudo volta ao que era antes e as pessoas passam a lembrar de suas situações (ou
aberrações).
A ideia não tem respaldo critico e
por isso é tão virulenta quanto a caçada humana de “Jogos Mortais”(uma terrível
amostragem do jogo de empurra entre a caça e o caçador) e ainda os que não devem
ou não podem ser diferentes em “Divergente”.
Não é de agora que o futuro do mundo
é visto na forma de pesadelo. George Orwell mostrou em “1984” a sociedade
dependente de um “grande irmão” que de posse da tecnologia penetrava nos lares
e punia quem desobedecesse as normas estabelecidas. No cinema houve “É Proibido
Procriar”(Z.P.G./1972)onde o escritor Frank De Felitta(de “As 2 Vidas de Audrey
Rose”)tratava de um tempo&espaço onde o casal estava proibido de ter filhos
até que se nivelasse a população . Resumindo eu acho que poucos livros e filmes
olharam o futuro como um tempo bom. A ideia é de que o homem não tem capacidade
para manter um relacionamento estável com o semelhante. No fundo está o que o filme
“Lucy”evocou: a capacidade dos neurônios não chega à metade do que estas células
cerebrais podem produzir. Seria aquela historia de que a evolução preconizada
por Darwin ainda está longe de parar. Daí os profetas do caos. Em termos de
cinema é aquilo que encerra o “2001” de Kubrick & Clarke: é preciso o ser
humano involuir até se transformar num feto e assim voltar à Terra devidamente
produzido para ser o super-homem (não de Shuster & Siegel mas o de Nietzsche).
Dr. Pedro essas adaptações de livros voltados para o público jovem term atraido par ao cinema uma turma que por diversas razões estavam afastadas da tel grande, Isso par amim é excelente.
ResponderExcluirDe fato a turma jovem está prestigiando. Vi/ouvi gritos de garotas em momentos de "Maze Runner". Mas se a resposta é interessante num "A Culpa é das Estrelas",onde o câncer é o inimigo, as temáticas apocalípticas dúbias podem gerar uma admiração mórbida a sistemas totalitários ou uma simples rebeldia sem analise do tema. O caso de "O Doador..." onde se estratifica o regime totalitário nas formas que em realidade geraram pesadelos reais (o nazi-fascismo por exemplo).
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirDr.Pedro mas por outro lado, se pode mostrar que nenhum o grupo não pode dominar o outro seja, de maneira politica, cientifica ou social.
ResponderExcluir