Em uma das muitas semanas santas que
passei no Mosqueiro quando era criança fui ao cinema que existia na vila (o Guajarino)
ver “A Vida de Cristo”, filme de Ferdinand Zecca feito em 1902 e sempre
apresentado nos cinemas de bairro brasileiros posto que os exibidores tinham
cópias. À saída, vi um grupo de garotos comentando. Um deles foi enfático: “-Não
gosto de filme em que o artista morre”. De fato, na época, acostumados com os
faroestes, os meninos faziam questão da formula “artista versus bandido e o
primeiro ganhando a luta”. Lembrei desse passado distante vendo agora “O Protetor”(The Equalizer).
Denzel Washington é McCall,
ex-oficial da policia (pouco se fala disso) que está para se aposentar de
serviço quase braçal numa fabrica. Afeiçoado de uma prostituta (Teri/Chloe
Grace Moretz) fica puto quando sabe que a garota levou muita porrada de mafiosos
russos e está em uma UTI. Resolve ir à forra. E não importa se a quadrilha é
enorme, com ramificações em Moscou (aliás, a sede). Vai até lá matar o chefão.
E se ganha alguns arranhões estes sanam com um pouco de mel e esparadrapo (nova forma de band-aid).
O filme dirigido por Antoine Foqua,
cineasta negro que dirigiu Washington no filme que deu o Oscar a este,”Dia de
Treinamento”(Training Day/2001), não se amofina com a inverossimilhança. O
artista é o dono da bola e não pode perder um chute. Nada a ver com a ideia de
que o norte-americano ganha do russo em toda linha. A Luzia pensou que ia
aparecer um bandeira americana na rua, nos últimos planos do filme. Não
aparece. E nem precisa. O heroi fala inglês até em Moscou e é entendido.
Impressionante é como a forma de um
filme o transmite. Ninguém deixa a sessão no meio.Uma senhora que estava na
minha frente ensaiou sair. Mas era, penso eu, para urinar. O frio da sala
convidava. Voltou. E quando voltou a sequencia era a mesma, McCall escondido
dos mafiosos e eliminando um por um.
OK cinema, já dizia o velho exibidor
Severiano Ribeiro Junior, é “a maior diversão”. Quem ficou no meu espaço no
jornal católico “A Voz de Nazaré”(onde eu estava atendo a um pedido de um
jornalista amigo há alguns anos) botou o nome da coluna “Entretenimento”. All
right this is entertainment”. Eu não vejo cinema assim, teimo querer mais. Mas
não sou um critico chato que só gosta de filme cerebral. Gosto do que me faz
gostar. Claro que não achei “O Protetor”um bom filme. Mas aguentei o frio da
sala até os créditos finais. Afinal, o artista não morre...
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