segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Filmes em DVD


            Muitas vezes, vendo os filmes de Lars Von Trier, penso como Shakespeare: “há algo de podre no reino da Dinamarca”. Felizmente vi em DVD “Departamento-Guardiões de Causas Perdidas”(The Keeper of Lost Causes na versão de exportação). Quem dirige chama-se é Mikkel Norgaard. Um “noir” de roupa antiga, a lembrar o que John Huston fazia. Um policial em fim de carreira é guinado a um departamento de processos em aberto, com a obrigação de selecionar 3 por dia para arquiva-los de vez. É aí que acha o caso de uma jovem desaparecida e se mete a investigar abrindo espaço para outros crimes que nem haviam sido catalogados.

            O filme tem narrativa direta, sem a frescura que Trier usou no que chamou de Dogma. Nada de cerebralismo, usando-se prudentemente câmera, iluminação e corte. O tipo do filme que a gente vê sempre com atenção. Mesmo porque nada apresenta de gratuito. Cada plano tem razão de ser. Isso é cinema.

            Também aplaudi em DVD “Em Busca de um Lar”(Gimme Shelter) de Ronald Krauss. E aplaudi por conta de Vanessa Hudgens. A atriz que na época da realização tinha 24 anos, faz a sofrida Apple, garota de orfanato embora com mãe viva, rebelde com causa e que procura o pai rico (Brendan Fraser) mas não se acostuma na casa dele. Grávida, acha por bem ter o filho(no caso uma filha) contra a vontade da madrasta(que mal conhece).

            Nada de melodrama. Joga uma fachada realista na cara de Vanessa, com  tatuagem no pescoço(é de verdade),piercing, fala repleta de gíria & palavrão, postura irrequieta e procurando esconder uma gravidez sem pai definido. A jovem atriz é realmente uma revelação, e curioso  que tenha vindo da musica (High School Musical), onde atua com frequência.

            Não conhecia nem Vanessa nem Krauss. Bendito DVD que traz cinema a quem mendiga cinema (nas salas de tela grande isso é exceção).

            E para terminar a festa revi “Coração Prisioneiro”(Caught) um Max Ophus(que assina Opus)americano com James Mason estreando em Hollywood e Barbara Bel Geddes como a mocinha pobre que caça um marido rico em Robert Ryan mas se dá mal._

            Este não tem ambição de sair do melo. Mas Opuls dá um show nos enquadramentos, com a profundidade de campo mostrando o que é importante na síntese por fotograma, como o enfoque do milionário ao longe, numa sala, deixando que se veja a decoração, e a garota num espaço pobre também definido pela amplidão da imagem com ela num pequeno espaço. Isto, volto a dizer, é cinema. O filme é de 1948. Vence o tempo tranquilo.

           

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