Moby Dick, a baleia
gigante de Herman Meville volta ao cinema neste “No Coração do Mar” dirigido
por Ron Howard.
O livro eu li quando adolescente e vibrei com o filme de
John Huston em 1956. Não esqueci o Cap.
Ahab(Gregory Peck) tentando matar a baleia gigante enfiando o arpão montado em
cima dela. Síntese de uma velha luta do homem com a natureza, esta se vingando
deste. Houve, depois, versões espúrias do livro de Melville. E este de Ron
Howard, aquele garoto de “Loucuras de Verão” que passou a dirigir bem como
mostrou em “Apolo 13”, vence a maioria.
O roteiro não sai do clássico literário e sim do que
escreveu Nathaniel Philbrick em 2000 sobre este clássico. A base do roteiro é a
entrevista de Melville com o sobrevivente do naufrágio do baleeiro Essex,chamado Tom
Nickerson . Um papo forçado pela mulher do veterano maritimo(no tempo dos fatos
é um adolescente) que precisa de dinheiro. Duas frases a considerar: o escritor
afirmando que não escreverá um documento, mas uma ficção com base nesse
documento, e a emoção de Tom ao saber que já se tira óleo da terra sem precisar
sacrificar baleias, afinal a fonte do recurso na época (século XIX) para se
ter, por exemplo, iluminação de casas e ruas.
Uma produção não muito cara para o novo padrão de
blockbuster usou recursos como CGI a
recortes de fundo (a cidade vista em grandes planos e com iluminação modesta é cenário
teatral). Mas Howard é bom diretor(“Apolo 13” e “Rush” servem de exemplo) e
consegue que atores rendam bem apesar de seus papeis serem esquematizados, e
confia numa montagem nervosa que impulsiona a trama mormente nas sequencias de
tempestade em alto mar e no ataque da
baleia gigante.
Vendo o filme eu penso que os roteiristas da Disney ganharam
pontos substituindo o tubarão do original Pinocchio por uma baleia. Viram
substancia em Melville. Afinal a baleia é o maior animal sobre o planeta. E o
enredo de todos os filmes derivados e clássicos da literatura pousa no
confronto do homem com um rival marítimo (não só em termos de força mas de inteligência,
pois a baleia tem faculdades acima de muitos animais). Também não se pensa que
o filme minta como um programa de exceção no que oferece as nossas salas de
shopping. Não chega a ser um “Naufrago” de Zemeckis,mas não deixa que se olhe
para o relógio no meio da sessão.
Pedro,
ResponderExcluirNão sou fã de carteirinha do cinema realizado por Ron Howard, mas uma coisa não posso negar, ele gostar de fazer cinema a partir de histórias interessantes.
Neste "No coração do Mar", Howard acerta em muitos aspectos como: não vilanizar o Capitão, não transformar o Chase em herói e, principalmente, em não sentimentalizar demais o sofrimento dos náufragos.
Contudo, penso que o academicismo da direção de Howard continua sendo seu principal defeito.
São filmes redondos, mas que, apesar dos bons momentos, não consegue tornar épico os momentos, por exemplo, a cena em que Chase vê a baleia, mas não a ataca.
Penso que esta cena poderia ser mais bonita, mas ela é banalizada no filme, pois, neste ponto, Howard, ao invés de manter o foco no confronto Homem X Natureza, optou por desenvolver o drama dos náufragos.
É precisobdizer que o roteiro é falho, pois, ao optar por duas narrativas, Howard erra ao mostrar imagens que não poderiam ser presenciadas pelo contador de história... Mas isso podemos deixar passar...
Mesmo assim, "No fundo do Mar" é um filme de exceção, quase um oásis nesta terra que se chama Pará.
Abraços!
Carlos Lira