quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

A Baleia de Howard


Moby Dick, a  baleia gigante de Herman Meville volta ao cinema neste “No Coração do Mar” dirigido por Ron Howard.
O livro eu li quando adolescente e vibrei com o filme de John  Huston em 1956. Não esqueci o Cap. Ahab(Gregory Peck) tentando matar a baleia gigante enfiando o arpão montado em cima dela. Síntese de uma velha luta do homem com a natureza, esta se vingando deste. Houve, depois, versões espúrias do livro de Melville. E este de Ron Howard, aquele garoto de “Loucuras de Verão” que passou a dirigir bem como mostrou em “Apolo 13”, vence a maioria.
O roteiro não sai do clássico literário e sim do que escreveu Nathaniel Philbrick em 2000 sobre este clássico. A base do roteiro é a entrevista de Melville com o sobrevivente do  naufrágio do baleeiro Essex,chamado Tom Nickerson . Um papo forçado pela mulher do veterano maritimo(no tempo dos fatos é um adolescente) que precisa de dinheiro. Duas frases a considerar: o escritor afirmando que não escreverá um documento, mas uma ficção com base nesse documento, e a emoção de Tom ao saber que já se tira óleo da terra sem precisar sacrificar baleias, afinal a fonte do recurso na época (século XIX) para se ter, por exemplo, iluminação de casas e ruas.
Uma produção não muito cara para o novo padrão de blockbuster  usou recursos como CGI a recortes de fundo (a cidade vista em grandes planos e com iluminação modesta é cenário teatral). Mas Howard é bom diretor(“Apolo 13” e “Rush” servem de exemplo) e consegue que atores rendam bem apesar de seus papeis serem esquematizados, e confia numa montagem nervosa que impulsiona a trama mormente nas sequencias de tempestade em alto  mar e no ataque da baleia gigante.
Vendo o filme eu penso que os roteiristas da Disney ganharam pontos substituindo o tubarão do original Pinocchio por uma baleia. Viram substancia em Melville. Afinal a baleia é o maior animal sobre o planeta. E o enredo de todos os filmes derivados e clássicos da literatura pousa no confronto do homem com um rival marítimo (não só em termos de força mas de inteligência, pois a baleia tem faculdades acima de muitos animais). Também não se pensa que o filme minta como um programa de exceção no que oferece as nossas salas de shopping. Não chega a ser um “Naufrago” de Zemeckis,mas não deixa que se olhe para o relógio no meio da sessão.
 

Um comentário:

  1. Pedro,

    Não sou fã de carteirinha do cinema realizado por Ron Howard, mas uma coisa não posso negar, ele gostar de fazer cinema a partir de histórias interessantes.

    Neste "No coração do Mar", Howard acerta em muitos aspectos como: não vilanizar o Capitão, não transformar o Chase em herói e, principalmente, em não sentimentalizar demais o sofrimento dos náufragos.

    Contudo, penso que o academicismo da direção de Howard continua sendo seu principal defeito.

    São filmes redondos, mas que, apesar dos bons momentos, não consegue tornar épico os momentos, por exemplo, a cena em que Chase vê a baleia, mas não a ataca.

    Penso que esta cena poderia ser mais bonita, mas ela é banalizada no filme, pois, neste ponto, Howard, ao invés de manter o foco no confronto Homem X Natureza, optou por desenvolver o drama dos náufragos.

    É precisobdizer que o roteiro é falho, pois, ao optar por duas narrativas, Howard erra ao mostrar imagens que não poderiam ser presenciadas pelo contador de história... Mas isso podemos deixar passar...

    Mesmo assim, "No fundo do Mar" é um filme de exceção, quase um oásis nesta terra que se chama Pará.

    Abraços!

    Carlos Lira

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