O
chamado “déja vu” nunca afasta publico de cinema. Há até mesmo quem se sinta
bem revendo sem a intenção de rever. E isto cabe agora ao ‘O Homem Irracional”
de Woody Allen onde o cineasta volta a beber na fonte de crimes bem
arquitetados e criminosos vestidos de galãs.
“Irracional
Man”trata de um professor de filosofia em crise existencial, o tipo que “toma
café sem açúcar”, que planeja o crime perfeito como um processo caritativo, no
caso a morte de um juiz que deve condenar uma sofrida mãe de família sem meios
de refutar as acusações que pairam sobre seu comportamento. O professor namora
uma aluna, faz sexo(quando pode, pois o estresse leva-o a impotência) com
outra, e quando realiza o crime é descoberto pela esperta pupila que lhe pede
rendição.
A história verdadeira de Leopold
e Loeb, estudantes universitários que inspirados em Nietzsche, assassinaram um adolescente, foi alvo de um
filme de Richard Fleischer chamado “Estranha Compulsão”(Compulsion/1959), vindo
de um roteiro de Richard Murphy com base em um livro de Meyer Levin. A historia
cabe como uma luva na trama do “Homem Irracional”. E também evoca outros
trabalhos de Allen como os ótimos “Match Point”( 2005 ) e “Crimes e Pecados”(Crime and
Misdemeanors/1989). No caso de “Compulsão” chega até à citação do filosofo alemão
não só pelo professor vivido por Joaquin
Phoenix como o recomendado à esperta aluna (outra vez Emma Stone, a atriz do
anterior “Magia ao Luar”).
Um detalhe incomodo: o filme usa muito
narrações em off como se o autor tivesse medo que se deixasse de compreender a
trama. Esta narração se faz não só em
uma mas em duas vozes. A do professor fica anacrônica quando ele morre.
E mesmo que se desse uma licença poética o ato de contar o que se vê mostra
receio de se mostrar sem que se entenda.
Bem,
apesar dessas mancadas, gostei do que vi no Cine Libero Luxardo, cineminha agora
beirando os seus 30 anos. E palmas à projeção e ao fato de ter contratado um
filme que a gente pedia para ver e os nossos circuitos comerciais achavam que
não valia (em $$ é claro) a pena.
Pedro,
ResponderExcluirFui assisti ao Homen Irracional na última quinta. Bom filme. Pode não ser o melhor de Allen, mas é acima da média do exibido no circuito.
Sobre o filme, propriamente dito, destaco, além da bela fotografia, o questionamento que ele levanta e que faz o filme girar:
O nos inspira? O que nos faz viver? Quem é nossa musa?
Allen, inteligente levanta os questionamentos mostrando, ao espectador, que a racionalidade pode muito bem ser completamente irracional.
Porém, Allen, ainda que faça um happy end para a Jill, deixa a pergunta entre aberta, afinal, para cada um deve buscar um meio para resolver sua crise existencialistas.
Abraços!
Carlos Lira
Desculpe-me o texto truncado. Escrever em celular é complicado.
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