domingo, 20 de dezembro de 2015

O Homem Irracional


            O chamado “déja vu” nunca afasta publico de cinema. Há até mesmo quem se sinta bem revendo sem a intenção de rever. E isto cabe agora ao ‘O Homem Irracional” de Woody Allen onde o cineasta volta a beber na fonte de crimes bem arquitetados e criminosos vestidos de galãs.

            “Irracional Man”trata de um professor de filosofia em crise existencial, o tipo que “toma café sem açúcar”, que planeja o crime perfeito como um processo caritativo, no caso a morte de um juiz que deve condenar uma sofrida mãe de família sem meios de refutar as acusações que pairam sobre seu comportamento. O professor namora uma aluna, faz sexo(quando pode, pois o estresse leva-o a impotência) com outra, e quando realiza o crime é descoberto pela esperta pupila que lhe pede rendição.

A história verdadeira de Leopold e Loeb, estudantes universitários que inspirados em Nietzsche,  assassinaram um adolescente, foi alvo de um filme de Richard Fleischer chamado “Estranha Compulsão”(Compulsion/1959), vindo de um roteiro de Richard Murphy com base em um livro de Meyer Levin. A historia cabe como uma luva na trama do “Homem Irracional”. E também evoca outros trabalhos de Allen como os ótimos “Match Point”( 2005  ) e “Crimes e Pecados”(Crime and Misdemeanors/1989). No caso de “Compulsão” chega até à citação do filosofo alemão não só  pelo professor vivido por Joaquin Phoenix como o recomendado à esperta aluna (outra vez Emma Stone, a atriz do anterior “Magia ao Luar”).

Um detalhe incomodo: o filme usa muito narrações em off como se o autor tivesse medo que se deixasse de compreender a trama. Esta narração se faz não só em  uma mas em duas vozes. A do professor fica anacrônica quando ele morre. E mesmo que se desse uma licença poética o ato de contar o que se vê mostra receio de se mostrar sem que se entenda.

            Bem, apesar dessas mancadas, gostei do que vi no Cine Libero Luxardo, cineminha agora beirando os seus 30 anos. E palmas à projeção e ao fato de ter contratado um filme que a gente pedia para ver e os nossos circuitos comerciais achavam que não valia (em $$ é claro) a pena.

 

 

2 comentários:

  1. Pedro,

    Fui assisti ao Homen Irracional na última quinta. Bom filme. Pode não ser o melhor de Allen, mas é acima da média do exibido no circuito.

    Sobre o filme, propriamente dito, destaco, além da bela fotografia, o questionamento que ele levanta e que faz o filme girar:

    O nos inspira? O que nos faz viver? Quem é nossa musa?

    Allen, inteligente levanta os questionamentos mostrando, ao espectador, que a racionalidade pode muito bem ser completamente irracional.

    Porém, Allen, ainda que faça um happy end para a Jill, deixa a pergunta entre aberta, afinal, para cada um deve buscar um meio para resolver sua crise existencialistas.

    Abraços!

    Carlos Lira

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  2. Desculpe-me o texto truncado. Escrever em celular é complicado.

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