quarta-feira, 21 de março de 2018

Maria Madalena



 “Maria Madalena”(Mary Madalena/UK,EUA,2017) tem direção de Garth Davis , australiano que conquistou prêmios na TV e foi candidato a Oscar por “Lion”. O roteiro é assinado por duas mulheres: Helen Ednmundson e Philippa Goslett. Filmado na Europa e Oriente Médio segue uma linha feminista ao evidenciar o papel da seguidora de Jesus e a primeira pessoa ao vê-lo ressuscitado.
                Em termos de historia da religião a novidade, se é que assim se pode dizer, é seguir a afirmação aceita neste século pelo Vaticano, de que Maria Madalena não foi a prostituta conhecida por Maria de Magdala (o local de onde veio) quase vitima de apedrejamento e que Jesus salvou afirmando “Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra”.
                A Madalena focalizada no filme é uma jovem judia direcionada a casar com um parente e que não aceitava isso, acabando por seguir os apóstolos de Jesus de Nazaré que perambulavam pela Galileia e por fim seguiriam para Jerusalém onde aconteceu a crucificação do mestre.
                Há algumas sequencias que endossam a coragem e perseverança da biografada. Uma delas é por ocasião de um parto difícil de parente quando ajuda botando as mãos no ventre da gravida e dando força à ela com palavras de coragem.
                O roteiro também não focaliza a ressurreição, detendo-se na conversa de Madalena com os apóstolos (especialmente Pedro que no filme é representado pelo negro Chiwetel Ejiofor            quebrando com a tradicional pintura de Simão,o pescador, a quem Jesus chamou de Pedro/Pedra). Nem cita o momento em que este reclamou ao Cristo a preferencia dada à mulher seguidora a quem “beijava na boca”(não se vê tal cena). Também se mostra outra face de Judas, a principio na conversa  dele  Madalena quando conta a historia trágica de sua família depois da Paixão explicando que ao denunciar Jesus queria “apressar a prometida chegada do Reino” derrotando os romanos (o que fica é um plano dele dizendo à Madalena que vai ter com a sua família e outro em que aparece enforcado).
                Há mudanças estéticas também na amostragem da Santa Ceia e na crucificação, sem que se veja as duas cruzes vizinhas de onde está o Nazareno (talvez uma licença poética que restringe sempre as imagens ao que cerca o Filho de Deus).
                Mas se o filme caminha sempre no sentido de evidenciar o papel da mulher, não só na qualidade de apostola como em seu núcleo familiar, a direção não se mostra estimulada em tratar o assunto entre o realismo e a apologia religiosa. Imagens bonitas das locações e a economia de sequencias esbarram em fatos como a excessiva maquilagem de Roonie Mara, a interprete principal, ela muitas vezes vista em close e com a pele reluzente além de cuidados nos cílios como se mesmo na caminhada pelo deserto permanecesse maquilada. Por sinal que a atriz não parece se dedicar muito ao papel. E Joaquin Phoenix como Jesus pouco diz ou mostra, restando planos avulsos de algumas fases da caminhada até á entrada em Jerusalém , restando um hiato na revolta contra os “vendilhões do templo”(comerciantes que ficavam nas imediações do lugar sagrado dos judeus) e poucos planos da agonia na cruz.
                Também não há dinâmica narrativa, hesitando entre a focalização de episódios conhecidos de religiosos (ou não) sem uma continuidade que implique num acompanhamento dos fatos expostos.
                Das muitas “vidas de Cristo” já filmadas o melhor continua sendo “A Paixão de Cristo” de Mel Gibson(2004). Agora, a dedicação à Maria Madalena, resta apenas como um enfoque da mulher na porfia atual de luta pela igualdade de gênero. Sem maldade, uma trama feminista. Por curiosidade, a produtora faliu, pois seu chefe fora acusado de assedio sexual nesta época em que o cinema “varre” os tipos de conquistadores violentos.
                Nos créditos finais diz-se que Maria Madalena seguidora de Jesus não era a mundana prestes a ser apedrejada. E registra-se a opinião da Igreja Católica.

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