sexta-feira, 23 de março de 2018

Síndrome do video-game


              Chamo de “sindrome do videogame” a forma dos novos filmes de ficção-cientifica. Começa com o som no espaço. Sabe-se que as ondas sonoras não se propagam no vácuo e qualquer ruído deve surgir apagado nas imagens diversas. Lembro de que só em “2001 Uma Odisseia no Espaço” e “Gravidade” isto surgiu. Nas diversas etapas de “Star War”, por exemplo, não escapam sons de jatos, explosivos e tudo o mais que dê ênfase na trilha sonora aos acordes musicais. Depois nada se acomoda na física ou astronomia. Viaja-se entre estrelas como quem dobra a esquina. Fala-se em galáxia como se fosse um bairro ou uma aldeia. E ainda se menciona voos na velocidade da luz, contrariando Einstein.
                A garotada dos anos 30 se deslumbrava com as séries de Flash Gordon e outras figuras dos quadrinhos. A liberdade formal permitia dribles físicos. Mas seguia um curioso caminho no futuro que hoje é rotina, como a televisão grande, as naves a jato, os gigantescos telescópios, e só um sonho ainda não realizado: o tele transporte de materiais e mesmo seres vivos.
                Os prenúncios dos artistas numa época em que não existiam programas de tv, não se tinha ido ao espaço, não se falava em computador, nada de internet, enfim, a rotina de agora era sonho, tudo isso cativava a imaginação dos jovens e ganhava o espaço dos contos de fadas de um tempo ainda mais atrás, seja dos Grimm, seja de Anderson, seja até de escritores pretensamente para adultos como Jules Verne e H.G. Welles.
                Quando surgiram os jogos eletrônicos as viagens interplanetárias passaram “ao comando” de quem manobrava esses jogos televisivos. A rapidez exigida no manuseio das peças permitia o derrame do fantástico por sobre as leis físicas. E foi isto que norteou as produções de artistas como George Lucas e mesmo especificamente diretores de filmes como Ridley Scott.
                Só agora vi “Star Wars, Os Últimos Jedis”. Não acho um voo imaginativo tão alto como o cenário da ação. Mas quem acompanha a franquia desde o primeiro filme da série gosta que se enrosca. O que marca o novo trabalho da Lucasfilm é a despedida da Princesa Lea, já nomeada General Lea . A atriz Carrie Fisher, visivelmente envelhecida, morreria antes da estreia. E heróis de antes, como Mark Hamil (Luke Skywalker) surgem decadentes embora ainda mágicos. Esperto, Lucas apresenta novas figuras. E deixa o filme de agora com base para outro. Afinal, rende milhões. Nesse quadro voa-se ao espaço sideral.

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