quarta-feira, 28 de março de 2018

Documentários Brasileiros


Há um esquecimento terrível do cinema brasileiro nos anos 40/50(sem mencionar o de antes dessas décadas). No bonito algum editado pela Abracine, “100 Documentários Essenciais”( e  agradeço o exemplar que me deu o amigo Ismaelino Pinto), não se toca em coisas como “Assim Era a Atlântida”(1975) de Carlos Manga. No site IMDB há uma única critica ao filme que segue o que se disse na época do lançamento comercial, que “era uma copia de “Era Uma Vez em Hollywood”(That’s Entertainment/1974)de Jack Haley Jr”. Há desde que se instalou o chamado “cinema novo”(anos 60) uma amnésia proposital do que se fazia para o grande publico antes da TV e das influencias artesanais do grupo “Nouvelle Vague” e semelhantes em diversos países onde o cinema intelectualmente ambicioso(desde que o termo esqueça Historia) passou a ditar moda.
Eu vivi a fase de ouro das chamadas chanchadas (nome pejorativo dado às comedias musicais com gente do radio que atraia multidões). O documentário de Manga,um dos diretores do gênero (morto em 2015), certamente usa o método de Haley Jr, mas o faz com a prata da casa e revive momentos marcantes da comédia que projetava Oscarito, Grande Otelo, Anselmo Duarte, Cyll Farney, e um grande elenco de cantores que gravavam em discos de 78 rpm sambas e marchas do carnaval do ano em curso(o da produção).
“Assim Era a Atlântida” só deixou um mal: quando Manga fez a pesquisa no laboratório da firma cujo proprietário era o exibidor Luís Severiano Ribeiro Jr, perdeu sequencias de filmes como a de Oscarito e Grande Otelo posando de Romeu e Julieta para Anselmo & Eliana no longa “Carnaval no Fogo”(1949). As copias surgidas depois em dvd não exibiam o hilário momento.
E a Atlântida também fazia dramas. “Amei um Bicheiro” (1953) de Jorge Ilelli e Paulo Wanderley, somava a outros mais atrás no tempo, inclusive no que deu fama a  Otelo :(“Moleque Tião”(1943) de José Carlos Burle. Nada se menciona no livro. Nem filmes de outras fontes para ficar no gênero documentário.
Anselmo Duarte chegou a escrever um livro expondo a sua magoa por ter sido excluído das opiniões dos chamados “cinemanovistas”. Tinha razão. No recente documentário “Cinema Novo”(2016) de Eryk Rocha, também não se toca em quem não figurou entre um grupo fora da faixa do pai desse diretor, Glauber Rocha. E Anselmo foi até hoje o único cineasta brasileiro a ganhar a Palma de Ouro do Festival de Cannes em seu filme “O Pagador de Promessas”.
A empresa que agrega a critica brasileira vai lançar outros álbuns, um sobre animação(e felizmente se menciona “Sinfonia Amazônica”). No álbum que saiu ha um comentário muito bom do nosso Marco Antonio Moreira Carvalho. O pai dele, Alexandrino, certamente estaria alegre lendo o texto do filho numa antologia nacional.


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