quarta-feira, 3 de abril de 2019

Um Caminho Para Dois


“Um Caminho Para Dois”(Two for the Road) é um exemplo de road-movie criativo. Aqui não se trata de documentar uma viagem ou viagens de um casal . O caminho que ele e ela percorrem é segmentado de forma a constituir a metáfora do relacionamento, de como os dois se conheceram, se amaram, se desamaram gradativamente e de como podem (ou não) se reencontrar(uma sequencia sugestiva do embarque em uma balsa).
Audrey Hepburn e Albert Finney fazem o par que se vê por vários caminhos e em diversos tempos. Ora eles são focalizados jovens enamorados pedindo carona por falha em seu carro, ora dirigem cerros deles por vários destinos, ora seguem com pessoas que os acolhem e que se revelam desamadas, seja a mãe que tenta tolerar a filha menor insuportavelmente mimada, seja o marido motorista que assume a postura de um coadjuvante contrariado no quadro familiar.
Audrey era uma atriz competente e bonita, Estava linda neste filme, E Finney cumpre a sua tarefa da imagem de um homem independente e incapaz de render esta independência por conta do afeto dedicado à companheira. E são muitos os percursos que eles fazem através de estradas e tempo, um espaço ganhando a metáfora de outro, estudando a vida a dois com todos os desníveis que possam acontecer para mudar isso.
Stanley Donen dirigiu o seu mais criativo filme não musical. Considerado “o pai” do gênero que abraçou por anos na Metro, especialmente ao lado de Gene Kelly como em “Cantando na Chuva”, ele tentou outros gêneros mas sem o mesmo vigor. Neste exemplar de 1967(ele fez cinema até 2003 contando vídeos), seguiu em seguida duas ironias (“O Diabo é meu Sócio” e “Os Delicados”).O ultimo musical foi “Cinderela em Paris”de 1957, já com Audrey no elenco.Ali  estava longe de um “7 Noivas Para 7 Irmãos” onde deixou uma coreografia antológica na sequencia da construção de uma casa.
Doney morreu este ano. Finney também. Os dois são lembrados na reprise de “Um Caminho para Dois”. Mas eu acho que a homenagem espalha para Audrey. Ela deixou este mundo em 1993 aos 63 anos e 34 filmes. Seu papel na viagem romântica gerenciada por Donen é capital para que o filme seja ao mesmo tempo uma comedia, um drama, uma analise comportamental, um esboço de estudo psicológico do casamento.
Revi o filme este ano e senti que os anos machucaram um pouco. Mas serve como uma luva para lembrar 3 astros do cinema.

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