Este ano a Academia de Artes e Ciências de Hollywood não se deixou seduzir pelos arroubos de jovialidades técnicas. Ganhou quem merecia. A mim só pareceu uma exceção dentre o que vi: a fotografia de “A Origem”, a premiada, foi puramente um exercício de CGI & Cia. Penso nas belas imagens de “Bravura Indômita”(afinal um bom filme que saiu como entrou) e/ou de “O Discurso do Rei”. Mas dos males o mínimo.Natalie Portman fez por onde segurar a sua estatueta por “O Cisne Negro”, um “sapatinho vermelho” americano com muita chance para uma atriz brilhar. E ninguém tiraria o mérito de Colin Firth, o rei gago. Mais uma vez o cinema da Inglaterra é considerado pelos norte-americanos. E quando se vê cenas na Abadia de Westminister lembra-se “O Homem que não vendeu sua alma”, com o Thomas Morus de Paul Scofield fazendo parelha com o George VI e Firth. Aliás, dos grandes filmes sobre reinados britânicos só ficou mesmo de fora “Ana dos Mil Dias” de Charles Jarrot.
“O Discurso do Rei” quase emplaca os principais prêmios. Ganhou filme, ator, diretor e roteiro adaptado. Lamento no rol das mãos vazias não só o westerns dos manos Coen, “Bravura Indômita”, como o bom filme de Danny Boyle “127 Horas” e o vencedor dos “indies”(prêmios dos independentes) “Inverno da Alma”. Mereciam qualquer coisa. Mas o que me fez ficar acordado até 1, 30 horas valeu. No desfile dos mortos no ano não sabia de Jill Clayburgh. E em termos de “show” a festa foi pobre. Antigamente havia um aparato cênico de superprodução hollywoodiana, com a pompa abrigando os números musicais correspondentes às melhores canções. Hoje é só uma cantora no palco e uma orquestra no fundo. Sem animação que cercava os herdeiros de Fred Astaire quando Bob Hope ou Bill Crystal(por sinal lembrados agora) eram os apresentadores do programa.
Perdi minhas apostas para filme estrangeiro, pois não havia visto nenhum dos concorrentes, e também documentários (curto e longo). Mas foi o ano em que mais acertei nos vencedores. A Academia mostrou olho critico, ou melhor, olho de um tipo de critica que muitos chamam de “demodée”. Seja, mas o poder velho esteve representado por Kirk Douglas virgem de Oscar aos mais de 90 anos e mais de 60 de carreira, brincando com as garotas. É o atestado de que o cinema ainda é fonte de sedução. E não pede que se faça sempre critica subjetiva, prestando atenção em coisas como Colin Firth gaguejar e praguejar ou Natalie Portman dançar na ponta dos pés como uma Moira Shearer com sapatinhos brancos ou pretos.
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