segunda-feira, 18 de julho de 2011

A Última Hora

Anthony Quinn(1915-2001)foi ator em 167 filmes e dirigiu um. De seus desempenhos guardo excelentes lembranças do Zampanô de “La Strada”, de”Zorba, o Grego”(a dança final), do discreto papa em “As Sandálias do Pescador”, do “boxeur” que acaba na luta livre fantasiado de índio(“Réquiem por um Lutador”) e do sofrido romeno de “A 25ª Hora”. Isto da sua atuação como ator principal. Como coadjuvante tem mais, como em “Lawrence da Arábia”. Mas a lembrança de “A 25ª Hora” eras tênue.Não via o filme desde a exibição através do Cine Clube APCC no Cine Guajará da Base Naval (e creio que também no Grêmio Português). Revi agora em DVD. É um filme subestimado de um romance escrito em 1967 por C. Virgil Gheorghiu (meu pai tinha este livro em casa mas eu não cheguei a ler). Com direção de Henri Verneiul (1920-2002), o mesmo de “O Carneiro de 5 Patas” e “Gangster de Casaca”, exibe uma produção requintada de Carlo Ponti recriando o cenário do drama vivido pelo romeno humilde Johann Moritz, perseguido como judeu quando vai trabalhar com judeus, depois tido como arquétipo da raça ariana e por isso transformado em soldado nazista, depois confinado em campo de concentração norte-americano, tudo isso dos primeiros aos dois últimos anos da 2ª.Guerra Mundial. Nessa jornada entre inimigos que ele desconhecia por quê brigavam acaba por se separar da mulher, sabe depois que ela foi violentada por um russo e gerou um filho deste, enfim, quando ganha a liberdade é um tipo raro a ser alvo de mídia.O filme encerra com o que podia ser um happy end mas logo expõe a dor do personagem quando um repórter vai fotografá-lo pedindo que sorria. A expressão de Quinn fecha o filme. Fica com a gente.
Pode ser que a narrativa esquematize os fatos e pise no acelerador diluindo um pouco o drama em foco. Mas nunca esvazia o herói. Quinn exibe muito bem o tipo bruto e ingênuo, o homem que prefere comer na cozinha quando chega à casa de amigos judeus e lhe convidam para o jantar.
Pode ser que Virna Lisi seja bonita demais para o papel que lhe deram. Mas Serge Reggiani como o escritor amigo de Moritz que se cansa de esperar pelo resultado de suas petições em prol da liberdade quando a guerra já faz parte do passado, está excelente.
Talvez seja o melhor de Verneuil no drama. Um belo filme pouco comentado pelos críticos desde sua estréia em 1967. O DVD que saiu agora no Brasil traz o enquadramento original (franscope). Merece lugar na videoteca do cinéfilo.
Antes que me esqueça: o titulo (25a hora) é dado pelo escritor de Reggiani. Seria a última hora da vida de uma pessoa. Dependendo do que se entenda por vida. A do tipo interpretado por Quinn acaba várias vezes.

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