domingo, 14 de agosto de 2011

Divagações Godardiana

“O sonho do Estado é estar sozinho;o do individuo é tonar-se dois”. Esta pérola e outras surgem soltas em “Filme Socialismo”(Film Socialisme/França,2010) anunciado como o último filme de Jean Luc Godard(80 anos).
Começa com uma viagem de cruzeiro. O transatlântico tipo Titanic passa por Odessa, Napoles, Barcelona, Cairo e mais alguns outros pontos turísticos ocidentais e orientais. Os passageiros são de diversas nacionalidades e posturas ideológicas. Há até mesmo um nostálgico do nazismo. As conversas erudita derramam frases de autores mil que os créditos iniciais catalogam de forma rápida, parece que feitos para não se ler. Depois dos planos do ou no navio, as câmeras voltam-se para um posto de gasolina onde o proprietário filosofa sobre a sua vida “miserável”. A filha contesta e lê Racine. Interessante como os personagens, independentes de classe e cultura, falam como doutos. Num filme de Godard todo mundo sabe de tudo.Mas se fala muito, age pouco. A ação maior se dá na terceira parte do filme que é uma colagem de sequencias de clássicos como “O Encouraçado Potemikm” de Eisenstein(não à toa mostrar a escadaria de Odessa).
No fim os passageiros desembarcam. Há uma frase critica sobre a Justiça. Segue-se a legenda: “Não comente”.
Godard despede-se (e oxalá se despeça mesmo) sem macular o seu estilo(ou falta de). Seus filmes lembram a postura de Hamlet quando a mãe pergunta o que ele está lendo. O Principe da Dinamarca responde: “palavras, palavras, palavras”. Shakespeare sabia onde colocar as frases que definissem posturas. Godard usa palavras em filme de cinema. E cinema é antes de tudo imagem em movimento. No “Fime Socialismo” há imagem mas não muito movimento. E a imagem não diz claramente que as ideologias conflitantes, como o socialismo, estão falidas. Divagar é a ordem do autor. Divaga-se sobre tudo e todos. Quem gosta desse modo de filmar fica em êxtase. Mas dificilmente define o que vê. Godard quer ser confuso para se entendido. Tenha-se entender como apreciar o jogo de menções aleatórias buscando um sentido. E quem encontra sentido não deve ser o espectador. Nem Godard, certamente.Para ele basta jogar os termos na tela sem qualquer ordem. É uma expiação do que lhe chega ao consciente (ou “in”).
Eu não vejo cinema desta forma. Simplesmente porque essa barafunda não me sensibiliza. E sem sentir não acompanho o que possa ser uma narrativa. Para mim, o novo Godard,como tantos outros filmes dele, é simplesmente um saco. Sem fundo.

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