Amnésicos como Ronald Colman em “A Noite do Passado”(Random Harvest/1942) ou quem se diz reencarnado como a menina de “As Duas Vidas de Audrey Rose”(Audrey Rose/1977) deixaram espectadores curiosos para saber se as pessoas se encontrariam ao longo do tempo, digo, da metragem do filme. Mais ou menos isso é o que acontece com Taylor Lautner, o lobisomem da série “Crepusculo”(Twilight) neste “Sem Saída”(Abduction) que está levando muita gente ao cinema. Ele vê no seu computador uma foto que tirou quando criança. O nome é outro, os pais seriam outros (os que reconhece como pai e mãe não são nada disso) e o motivo de ter sido abandonado e adotado ganha caminhos de um “thriller” de espionagem sujeito a todos os clichês do gênero.
O diretor John Singleton é um talento negro surgido com o modesto e forte “Donos da Rua”(Boyz in the Hood/ 1991). Bem adaptado ao ritmo dos grandes estúdios aceita a tarefa de dirigir um roteiro de sua autoria com a maquilagem imposta pela produtora Lions Gate e trampolim para Lautner, o ator (?), chamar as meninas que adoram crepúsculo de cinema posto que jamais adorariam auroras substanciais como a filmada por F. W. Murnau.
O filme tem ritmo, não se olha para relógio durante a projeção nem dá para se mexer a bunda na poltrona. Mas ninguém sai da sala sem sentir que foi ludibriado. Os furos são imensos, desde os eternos molhados que logo enxugam à porfias de forças contrárias, ambas ligadas à espionagem, que bem poderiam resolver seus problemas numa cena sem mesmo ser necessário chamar o herói , acomodado na rotina burguesa embora aprendendo a brigar posto que o pai postiço era um agente zero zero qualquer coisa.
Bem, já se disse que cinema é a mentira 24 vezes por segundo., Todo filme começa a mentir quando se sabe que o dono da verdade é olho que está colado na câmera . Por isso, um “thriller” como “Sem Saída” é feito para, exclusivamente, divertir. E se há defeito sério é o pouco humor. O galã é tão medíocre que consegue fazer rir com uma postura de herói da Marvel. Se levasse na brincadeira a sua briguinha contra policia e vilão até que a coisa seria algo mais do que uma volta na roda gigante. Fica com o espectador tentar achar graça dele e da namorada correrem milhas sem suar e não sairem de cena sem uma beijoca. Aliás, o lobisomem beijando é o que as garotas da platéia pagam pra ver. Elas ganham mais no programa. Os chamados cinéfilos saem com cara de besta. Aí é que chega a comédia.
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
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