terça-feira, 6 de março de 2012

O Abrigo

Jeff Nichols em seu segundo filme levanta o espectador da poltrona. “O Abrigo”(Take Shelter) é tudo o que Lars Von Triers quis fazer com o seu “Melancolia” e acabou num melancólico atestado de pobreza criadora. Aqui, num filme modesto, uma família composta do casal e uma filha surda-muda, passa a viver maus momentos quando o homem é acossado por pesadelos de diversas formas. Em crise emotiva, ele é despedido do emprego numa pesquisadora de petróleo, mal tem dinheiro para o seguro-saúde (incluindo uma cirurgia na filha para que possa falar/ouvir) e ele próprio sente necessidade de se consultar com um bom psiquiatra (que cobra caro). A mulher desespera-se porque as atitudes do marido nem sempre lhes são consultada antes de tomadas. E o pouco de dinheiro que ele tem investe num abrigo dizendo que vai chegar uma tempestade apocalíptica.
O roteiro cobre a metáfora de fim de mundo com a esquizofrenia que um clinico diz presente no personagem posto que a mãe dele fora esquizofrênica(como se a doença passasse para o filho). A mulher segura a barra, tentando dar o conforto de um carinho estremecido (ou salvar o casamento) e um dia ela acorda com uma tempestade e chama a atenção dele (que a leva, com a filha, para o abrigo construído a duras penas). A chuva passa, o sol aparece, mas isto não quer dizer que o mundo do desempregado brilhe. Há um plano para o final da narrativa extremamente coesa (nada de flashback, nada de efeitos especiais gigantescos- só nuvens carregadas e vôos de pássaros como nada de acordes para marcar suspense).
Uma dupla de grandes interpretes, Michael Shannon e Jessica Chastain, brilha forte. Ele trabalhou com Sidney Lumet(“Antes que o diabo saiba que você está morto”) e Werner Herzog(“Risco Frenético”). Ela foi a mulher de Brad Pitt em “A Árvore da Vida”. Estrelas que ajudam “O Abrigo” a ser um dos melhores filmes do ano passado nos EUA. E mesmo assim um titulo esquecido do Oscar(ganhou 27 prêmios doutras fontes, incluindo Cannes). Se os distribuidores brasileiros se lembrassem dele e as nossas salas de shopping ou especiais o exibissem seria, sem duvida alguma, um dos melhores títulos do ano.
Uma obra-prima.

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