terça-feira, 28 de maio de 2013
Hanek e Malick
Queria ver a reação de quem detestou “Amor” por ser amargo ao ver este “O vídeo de Benny” obra anterior do diretor austríaco Michael Hanek. Deve sair faísca. O filme é realmente assustador. O Benny do titulo se diverte matando um porco e filmando em “ralenti”o ato. Sem isso é divertido, mais ainda quando mata uma colega.O moço de classe média seria um filhote de Jason, Freddy Krueger ou outro monstro qualquer de Hollywood.
Penso que Hanek quis mostrar a distorção moral de uma classe. O riquinho mimado é o assassino furioso.Diagnosticar o temperamento do garoto é chover no molhado. Diriam que é um caráter genético. Os nazistas o acolheriam, ou o matariam. Benny é visto como um demônio que não se satisfaz com nada exceto chamar a morte. Nem com o sexo. É uma fera que se vê rosnando num cinema de fácil linguagem-o que o torna prejudicial para uma juventude que vê herói nesse tipo de vilão só porque é avesso às regras sociais.
Gosto muito de “Amor” mas não gosto de “O Vídeo de Benny”.Para mim é o pior de um cineasta capaz.
E vi “ Amor Pleno”(To the Wonder/EUA<2012)o novo filme de Terrence Malick. Parece que “A Árvore da Vida” deu frutos. Visual belíssimo a cargo de Emmanuel Lubezky deixa ver imagens soltas de um casal que se une e se separa, analisando-os na paisagem e na fala de um dos parceiros à guisa de narração. É uma longa divagação em torno de sentimentos como se a câmera tentasse a forma de um poema, no caso do que se lê e sente sem que as palavras restem como um tudo.
Bem Affleck e Olga Kurylenko vivem um romance que ela dimensiona como a grandeza da paisagem. Mas ainda assim ela o trai. E ele tinha outra no currículo. Várias passagens por vielas e até corredor de aeroporto surgem como pontos de uma pausa no idílio. Ou o ponto final. Mas não é simples o enfoque de amantes. Há flashes espalhados que muitas vezes escapam de um raciocínio do espectador. Aliás, é besteira tentar acompanhar uma história de amor nesse caso. Tudo é devaneio é como uma canção de apaixonado.
Malick passou a fazer cinema de autor muito mais fechado do que seus colegas de língua inglesa (por sinal que a maior parte da fala é em francês). Vai na onda de um Godard. Mas ainda assim pousa num cenário (Godard é devaneio total). Achei um filme bonito, mas não achei que respondesse ao que Malick realmente queria. Ficou em sua maioria mudo como o personagem de Bem Affleck.
Difícil chegar a cinema de Belém.
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