quinta-feira, 2 de maio de 2013

O Homem de Ferro

Quatro senhores assinam os quadrinhos do Homem de Ferro: Stan Lee, Don Heck, Larry Lieber e Jack Kirby. O personagem da Marvel Comics agora morando no império Disney, está pela 3ª. vez no cinema com este filme dirigido por Shane Black roteirista que paradoxalmente chegou a ser candidato ao prêmio dos críticos londrinos e ao mesmo tempo ao“razzie”(framboeza), dado aos piores do cinema norte-americano (tudo pela historia do filme “O Último Grande Herói”, afinal uma boa ideia). “O Homem de Ferro 3”(Iron Man 3) é o blockbuster do momento e se propõe a fechar uma trilogia começada em 2008. Mas a julgar pela bilheteria que está fazendo antes mesmo de estrear nos EUA dificilmente cumprirá a promessa. No final deste novo trabalho o herói, Tony Stark(Robert Downey Jr)joga fora um amuleto&arma que lhe salva diversas vezes ao longo da aventura. Seria o fim, mesmo porque várias armaduras que ele cria surgem para a batalha final contra Aldrich Killan (Guy Pearce) o verdadeiro vilão escondido na imagem de um ator, o Mandarim (Bem Kingsley). Aliás, neste pretenso fecho a tal armadura ganha uma automaticidade de corar qualquer alfaiate (?). Voa aos pedaços para cobrir o corpo do criador - ou de que tenha ordem para usá-la. Bem, não interessa as manhas da história. O que salva “O Homem de Ferro 3” é a total rendição à comédia. Os absurdos atendem a um tipo de humor que em si critica os quadrinhos originais. E não poderia ser de outro modo a julgar as aberrações de continuidade. Por exemplo: uma ferida no rosto do mocinho muda de posição várias vezes. Um garoto que se torna amigo de Stark devia estar ensopado depois de um aguaceiro provocado pela queda de um reservatório de água, mas logo a seguir está não só enxuto mas com uma capa que não se explica de onde tirou. Bem, eu penso que mais ridículo é o critico perder tempo enumerando essas ratadas de continuidade. O melhor é ver o filme como um festival de aberrações. A mocinha (Gwynett Paltrow) cai numa verdadeira fogueira e surge incólume apenas com os olhos “em brasa”. E o bandidão(Pearce) perde um braço que logo se refaz e só morre mesmo quando explode. Há uma avalanche de inverossimilhança a guinar o filme para o surrealismo. Fosse obra de um Dali e estaria sendo cultuado nesse tom. O problema é que a aventura de absurdos hilários é grande demais. Passa-se mais de duas horas no cinema vendo explosões e ouvindo as mesmas sem que se ganhe um pé de lógica ou mesmo se saiba perfeitamente quem é quem e os motivos que levam os malvados a serem malvados (é assim e acabou-se). Como a idéia é não fazer pensar, a sessão só pode ser aproveitada com folga aos neurônios do espectador. É tentar curtir a zorra audiovisual ou cair fora da sala de projeção. Eu vi a coisa em 2D. Não creio que em 3 seja diferente. Cinema comercial do tipo é primeiramente objeto de venda. Maquilagem como a tridimensionalidade é o papel celofane que envolve a mercadoria. Robert Downey Jr, um bom ator, faz o serviço que lhe pedem. Ben Kingsley disse que brincou muito. Piada a sua prisão como entrando num teatro e sendo aplaudido pelo pessoal que faz sereno na porta. Essas e outras tiradas humorísticas compensam um pouco a chateação. Mas só um pouco. Eu consultei meu relógio pelo menos 4 vezes pedindo penico. Em tempo: o novo filme de Superman vai se chamar por aqui "O Homem de Aço"(como nos antigos gibis). Então já temos homens de ferro e de aço. E o de madeira ?

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