Troca de endereço pode gerar, em
roteiro para cinema, romance, drama ou comédia. Imagine mandar um rolo de papel
higiênico para um amigo e a encomenda ser desviada para um político. Dá
comédia. Mas um canivete para um depressivo é como um convite à morte. No filme
“Lunch Box” do indiano Ritesh Batra, é uma marmita (ou merendeira, ou sem sair
do inglês, “lunch box”). Quem ganha a encomenda trocada saboreia pratos jamais
provados na rotina. E se apaixona pela cozinheira. Só que ela é uma garota e
ele tem idade de ser seu pai.É um escriturário viúvo que atura um substituto no
emprego nada experiente e extremamente chato.
O filme é bem narrado mas diz tanto
sobre coisa nenhuma. Seria um modo de ver a vida dos indianos de alguma província,
não diz bem o lugar, onde a paisagem não muda muito da que vemos por aqui.
Não há densidade ou substancia além
de um aceno próprio do velho neorealismo. Mas é tão bem contado que diverte. Há
quem diga que o roteiro é muito norte-americano, que não diz muito bem como são
as coisas na Índia. Não sei. Hoje o mundo é uma ilha. O que se observa é que as
paixões independem de etnia, cidadania, até mesmo idade. E se o filme não tem o
vinco da Bollywood, ou seja a Hollywood indiana(uma industria muito fértil) também
não sei dizer. Ultimamente só vi da Bolly a comédia “Seu Crime, seu Sofrimento”(Makkhi),
uma pitada surrealista interessante onde um homem morre, encarna numa mosca e
vai atentar que o matou (e ficou com sua garota). Mas isso não é coisa de
figurino. A merendeira até que sacia a fome de cinema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário