sexta-feira, 17 de abril de 2015

Olimpia 103


Eu sou olímpico desde  os 7 anos, isto sem competir em qualquer modalidade esportiva. Digo assim pois nessa idade fui pela primeira vez ao cinema Olímpia. Creio que o primeiro filme que eu vi por lá foi “O Magico de Oz”. Vagamente lembro de Judy Garland andando pela estrada de pedras amarelas cantando “I want to see the wizard...”

Morava perto da Praça da Republica. Ainda se chamava Largo da Pólvora. Em principio era levado por minha madrinha Odete. Íamos especialmente às matinais domingueiras. Depois, já adolescente, botava moedas no bolso e rumava também nas tardes para ver qualquer coisa que me chamasse a atenção e me permitisse olhar (havia os filmes “impróprios” e era difícil aparentar maior idade). Ficou na memória uma sessão em dia e tempestade quando as portas laterais se abriram e foi difícil voltar para casa. A rua estava cheia de pedaços de mangueira.

Mas há muito na cachola sobre minhas idas ao Olímpia. Meu primeiro encontro de namorado foi lá, num domingo de tarde.Por sinal que eu não era frequentador das sessões nesse horário e dia. A exceção valeu, mas a lotação me empurrou, a mim e a namorada, para um banco da praça defronte. Tudo bem até porque já havia visto o filme noutra sala (“Sinfonia Carioca”).

Minha mãe achava o Olímpia cinema de elite e o evitava. Achava chato se embelezar para ir a cinema. Culpa da tradição(ela nasceu no dia em que o cinema foi inaugurado). Na fase da “fita silenciosa”quem ia ver as estrelas por aquelas bandas eram os grã-finos, homens de casaca, mulheres de vestido longo e chapelão. Tempo de Valentino. de Theda Bara, de Tom Mix, de Harold Lloyd mas, também, de Chaplin e Buster Keaton.

Vi o Olímpia fazer 100 anos. Ajudei na luta por isso. Podia ter morrido antes. Felizmente existe e ajudo na programação. Nunca pensei que fizesse uma coisa dessas embora adolescente já conseguisse entrada grátis(escrevia em jornal desde cedo).

Hoje se comemora o aniversario com comédias que atraíram publico. Detesto as dos 3 Patetas, mas tinha tinha quem gostasse deles.

Um dia talvez conte minhas lembranças olímpicas. São muitas.

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