sexta-feira, 3 de abril de 2015

Manoel de Oliveira


               Eu admirava a longevidade do cineasta Manoel de Oliveira. Com mais de 100 anos fazia filmes seguidamente. Mas o seu modo de dirigir era simples: longos planos médios deixava os atores “representarem” como no teatro. Pouco mexia a câmera. Seu filme mais interessante, a meu ver, chamou-se “Um Filme Falado” e mostrava pessoas em um navio, incluindo uma professora que desejava mostrar à uma criança as relíquias históricas europeias, toda essa gente, de idiomas diferente, conseguindo se comunicar. Daí o titulo.Na maioria dos casos, Oliveira delirava com a sua linguagem fechada, mais para Godard do que para um diretor de cinema tradicional. Isso era considerado autoria pela critica francesa que passou a amar o cineasta.

               Quando Oliveira fez “Palavra e Utopia” sobre o Pe. Antonio Vieira, com o brasileiro Lima Duarte, eu estive no consulado português alicerçando a idéia de trazê-lo à Belem onde, afinal, Vieira esteve e discursou. De uma feita argumentei á diplomata lusa sobre o problema da idade do diretor. Ela foi clara: “-Ele é durinho”. E de fato eu assim o vi num especial de TV.

               Hoje a morte alcançou o homem. Lamenta-se. E eu que não engolia os filmes dele sigo lamentando. Respeito quem faz cinema de ideias, cinema intimo. Vendo no imdb os mais velhos dessa arte só achei atores e atrizes. Mais atrizes. Diretor nenhum. No outro mundo o veterano Manoel deve ter sido recepcionado pelos colegas ilustres que de alguma forma marcaram a arte-industria. Que esteja feliz com isso.

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