quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Cinema do Passado


               A exibição da versão muda de “O Ladrão de Bagdad” me lembra do tio Vavá(Oswaldo Nunes Direito). Ele era tão aficionado de Douglas Fairbanks que ao registrar o nascimento do meu irmão botou o nome “Douglas” entre José Maria Direito Álvares. Só quando o xará do artista foi fazer exame para serviço militar é que se espantou com o Douglas. E acabou botando esse nome num de seus filhos.

               Vavá também gostava de Ramon Novarro o astro do primeiro “Ben Hur”. Machista, nunca imagina que Ramon fosse homossexual. De uma feita escreveu no verso de uma sua fotografia: “Não é o Ramon Novarro, é o Direito”. Eu imagino como ele se sentiria sabendo que a paixão de Ramon por um jardineiro deu em morte e em um filme muito bom chamado “Deuses e Monstros”.   

               Eu conheci “O Ladrão de Bagdad” na versão sonora e colorida dos Korda (Alexander produtor e Zoltan diretor). Lembro que o vi com 9 anos e era improprio até 10. Minha madrinha que me acompanhava passou a sessão ouvindo um fiscal de menores na poltrona atrás pedindo minha saída da sala.Ela não saiu. Penso hoje que o tal fiscal queria era paquerar a moça.

               O filme dos Korda revelava Sabu. Ator indiano de baixa estatura, esteve em Belém filmando “O Fim do Rio”(The End of the River) para a Archers, empresa de Michael Powell(Inglaterra). A “Folha do Norte”publicou uma foto do artista no Ver o Peso. A atriz, no caso, era a jovem Bibi Ferreira. Ela cantava “Bumba meu boi” do nosso maestro Waldemar Henrique. Mas o nome do Waldemar não saiu nos créditos.

               Vi o filme de Fairbanks em vídeo. Imagino como impressionou meus antepassados com os efeitos especiais barrocos, muito antes dos computadores.E penso na grana que se gastou com tantos extras. Cabia nesse tipo de filme a piada do figurante que chegava para o diretor e dizia: “-Eu morri, agora o que é que eu faço?” A resposta era rápida: “- Va para lá e morra de novo”.

               Cinema de ontem vendo hoje dignifica a arte das imagens em movimento. É o desafio à morte, pois ainda mostra gente ativa quando é pó da terra...

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