domingo, 25 de outubro de 2015

A Ponte de Espiiões

               “Ponte de Espiões”(Bidge of Spies) tinha que prestar. Os roteiristas são os hábeis irmãos Coen mais Matt Charman que andou se fazendo de ghost no “2012”de Roland Emmerich. E a direção de Steven Spielberg implicou num recurso de produção de quem pode ter isso e o manejo de um elenco de tirar o chapéu. Tiro o meu especialmente para o inglês Mark Rylance que faz o “Coronel”Abel. Merece o Oscar de coadjuvante.
               O filme narra a historia do advogado James Donovan(Tom Hanks) que teria sido designado para defender um espião russo flagrado durante a “guerra fria’ logo depois  dos Rosemberg terem morrido por isso. A tarefa é potencialmente inglória mas Donovan consegue livrar o homem da pena de morte. Nesse tempo um aviador americano sobrevoa a Alemanha Oriental com material de espionagem no aparelho. É abatido e cai no território ligado a URSS. Surge então a chance de trocar espiões: Abel pelo jovem piloto. E para a tarefa é escalado Donovan, que aproveita a chance de libertar também um jovem universitário preso por demonstrar-se contra o regime dominante nesse pedaço de Berlim.
               O filme se divide em dois momentos: nos EUA, com o processo de defesa do espião soviético, e na Alemanha do Este quando se faz  a troca de espiões. Nesse ultimo espaço a direção de arte recria a Berlim semidestruída que então construía um muro para separa-la da  parte ocidental. A fotografia de Janusz Kaminski dimensiona bem o território. Impressionante como se montou no set uma cidade de um tempo.  Nos dois momentos funciona uma linguagem direta, sem atropelos de flashbacks, seguindo uma linha documental posto que o fato realmente aconteceu.
               Não há nada que sobressaia de um conjunto harmônico. Mas até por isso o filme é bom. Spielberg não faz cinema para minorias intelectuais. E para não dizer que em filme sobre advogados fez excesso de falas há um introito quase sem palavras quando a câmera segue Abel pelas ruas até seu modesto apartamento onde ele começa a abrir as mensagens disponíveis para seu serviço e o FBI chega para prendê-lo.
               São 141 minutos de projeção.Não deixa cansaço. E mostra Tom Hanks sem a mascara de quando foi o “naufrago” de Robert Zemeckis ou ainda mais atrás no tempo do sujeito que “queria ser grande”. O tempo é inclemente e até por isso o ator está bem.

               Valeu.

Um comentário:

  1. Pedro,

    Gostei bastante da Ponte dos Espiões. Penso que Spielberg volta a acertar no primeiro ato, faz um bom segundo ato e peca pelo sentimentalismo barato do terceiro ato.

    É preciso dizer que certos exageros de Spielberg incomodam qualquer cinéfilo mais atento, por exemplo, a cena no vagão do trem. Nela, não basta apenas alguns olharem para Donavan, é preciso que todo o trem olhe para ele, o que convenhamos soa um exagero desnecessário (a mesma coisa vale para o final).

    Agora, não há como negar a qualidade do filme. A construção de Berlim parcialmente destruída, os enquadramentos emparedados nos diálogos entre Donovan e Abel, a cena inicial da perseguição a Abel e a bela rima visual ao final dentro do metrô (os meninos atravessando as cercas, remetendo ao muro de Berlim).

    Também destaca-se a ousadia de colocar os estadunidenses (mundialmente vendidos como defensores da liberdade e dos direitos constitucionais) como pessoas "vingativas" diante de um inimigo calmo e inteligente.

    Antes de terminar, é preciso destacar o roteiro dos irmãos Cohen que sabem propor graça em momentos críticos.

    Sem sombra de dúvidas um bom filme e, como disseste, apesar de longo nada cansativo.

    Abraços!

    Carlos Lira

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