terça-feira, 20 de outubro de 2015

Leviatã


               Em “Leviatã” se vê uma Russia humana, ou melhor,sacana como quase todos os países do mundo. Seria o monstro citado por Jó adentrando um pobre diabo que se chama Kolya e que vê de uma vez a tomada de sua casa, de sua indústria de pesca, de sua família (a mulher o corneia com um amigo que se faz de advogado dele) e  de sua liberdade ganhando fama de matador da adultera que na verdade se mata.

               O rolo trágico cabe numa terra onde antes se gabava o igualitário em um regime comunista, não que o homem fosse o lobo do homem como dizia Thomas Hobbes mas que o Estado pegasse os lobos.E Kolya seria vitima de lobos como o prefeito de sua cidade e o amigo que lhe cobrava os favores na cama com a sua companheira.

               O filme de Andrei Zvyagintsev impressiona a partir das longas panorâmicas da região à beira mar onde estão carcaças de grandes animais. Há um contraste entre este cenário amplo e a pequenez que envolve os tipos, realçando o corrupto prefeito que quer tomar a casa de Kolya e o amigo dele que lhe trai a tempo em que o defende em tribunal contra quem lhe quer tomar a propriedade. Além deles há o garoto, filho de Kolya com outra mulher, que ele cria com aparente beneplácito de Lilya, a esposa. Este representa um futuro fadado ao rancor na luta pela vida contra enormes injustiças.

               Candidato perdedor ao Oscar de filme estrangeiro é, sem duvida, um dos melhores deste ano por aqui, espaço lotado de mediocridades em especial nas salas dos shopping onde cinema, agora, faz parte de um verdadeiro parque de diversões.

3 comentários:

  1. Comentário 1

    Pedro,

    Fui assistir ao excelente Leviatã no domingo de tarde simplesmente por gostar da tela grande, por gostar do cinema como arte e também do bom escurinho do cinema, já que poderia ter feito em minha casa, já que, Leviatã encontra-se para download há tempos e com qualidade HDMI.

    Antes de falar do filme, preciso destacar o quanto fico triste em ver um filme exibido em formato de DVD, isto afasta o espectador mais exigente.

    Contudo, é melhor não reclamar muito, pois no cinema comercial os "Vai que Cola" da vida insistem em alugar inúmeras salas do circuito.

    Carlos Lira

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  2. Sobre o filme...

    Pedro,

    Leviatã é um belíssimo filme. Sem sombras de dúvidas um dos melhores que passaram este ano em Belém. As imagens panorâmicas do ambiente que abrem e fecham o filme, as que fecham criando uma bela rima visual, nos leva a questionar quem é o grande mal que habita a terra? A resposta, obviamente, é respondida no filme com imagens da carcaça da baleia, da cidade empobrecida e dos barcos velhos e encalhados.

    Mas Leviatã não é apenas isso, como se isso já fosse pouco. Proibido de passar na Rússia, o filme é sobre instituições (vide o papel da igreja católica ortodoxa), poder e homens. Daí que, é extremamente interessante as posições e forma como é exposto no filme os discursos praticados pelas instituições como igreja, judiciário e polícia.

    Abraços!

    Carlos Lira

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  3. Lamento a projeção do Estação. Sem recursos para pagar frete e aluguel de filme-película e sem projetor digital a sala vive com um Datashow e lâmpada fraca para espaço tão grande. Na verdade luta para não parar. Para o Libero já se alocou verba para um projetor digital. E o Estação? O pedido do projetor foi feito e a espera é cruel. Oxalá o bom senso vença a crise econômica e o publico local possa continuar a ter um cinema pitoresco até pela localização.

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