quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Jackie


“Jackie”(em cartaz em algumas salas de shopping fora de Belém) é o que certamente Natalie Portman esperava para bisar o Oscar (ela ganhou por “Cisne Negro”). Em tom documental o roteiro de Noah Oppenheim segue Jacqueline Kennedy nas horas que seguiram a morte do marido dela, o presidente John Kennedy, deixando sentir o pesar de deixar a Casa Branca que ela decorou pensando em passar ali  por dois períodos de mandatos do marido. O filme dirigido por Pablo Larrain centraliza a ação na viúva que mal pode esconder o desespero que lhe deixou o momento do atentado em Dallas quando JFK foi alvejado mortalmente. Quase toda a ação se passa entre paredes da mansão presidencial e a câmera usa e abusa da atriz,ora em plano-conjunto ora em closes, autorizando expressões que fogem de um esquema teatral no modo como se mostra adiante das câmeras.
                O filme não prossegue na historia de Jackie Kennedy, muito menos no fato dela, anos depois, ter casado com um milionário grego (virando Jaqueline Onassis).  Também não alcança o mapa de tragédias que a família Kennedy viveu, seja a partir do cunhado da personagem, Bob(assassinado pouco tempo depois do irmão) ,passando pelos filhos (o pequeno John, já adulto, morreria num desastre de aviação em que ele mesmo era o piloto). Dessa forma não interessa a capacidade de Jackie em “dar a volta por cima”. O que se mostra é o comportamento dela na hora em que deixava de ser primeira dama dos EUA. E Natalie Portman deixa que se pense numa vaidade acabada, no inconformismo da ainda jovem que perdera o esposo rico e famoso de forma brusca.
                Natalie toma conta do papel e chega a lembrar fisicamente o tipo que interpreta. Uma pena que o filme não chegue à Belém na versão original onde se possa ouvir a voz da atriz, expondo os tons de desespero. Eu imagino de como a dublagem deve transformar o quadro dramático num espaço cômico...

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