O
sucesso popular do filme “A Cabana”(The Shack) moldado no livro de William
P.Young e Wayne Jacobsen é invulgar quando se observa que numa praça como
Belém, onde a carreira de filmes ambiciosos comercialmente não foge a 3 semanas
em cartaz, ganha mais de um mês nas salas de shopping ficando, por exemplo, em
todos os horários do maior espaço de uma delas por cerca de 5 semanas.
Eu
andava curioso em saber por que tanta gente gostou tanto do trabalho do diretor
Stuart Hazeldine, sabendo, naturalmente, que a predileção cabe ao que se conta
no livro, um desses best-sellers a lembrar
“Crepúsculo”, “...Tons de Cinza “e outras historias românticas com toque de fantasia.
Vendo o
filme pensei até que a produtora fosse a Graça, especializada em obras
religiosas. Um marido e pai tirano(Mack / Sam Worthington), no inicio da
narrativa é apresentado como violento contra a mulher e o filho adolescente (o
casal tem mais duas meninas). Logo a historia passa para a menina menor que num
piquenique fica impressionada com uma historia de princesa que se atira numa
cachoeira contada pelo pai. E esta menina desaparece. Ao mesmo tempo em que o
filho quase morre afogado. Resumindo: a
garotinha é assassinada por um psicopata, o pai recebe uma carta dizendo
que pode encontrar vestígios dela numa cabana na floresta.Nesta cabana ele vai achar Deus. Só que Deus é Pa, uma mulher
negra(papel de Octavia Spencer que a pouco havia feito uma das funcionarias da
NASA em “Estrelas Além do Tempo”). Há o filho dela, um Jesus com cara de hippie
(Avrahan Aviv Alush) e ainda uma
lembrança do Espirito Santo(Samire Matsubara). O encontro com a divindade leva às confissões
e redenção do personagem antes “durão”.
É uma
senhora dose de religiosidade não necessariamente dogmática. Não li o livro mas
quem leu fala de momentos dramáticos que sensibilizam o leitor desde que ele
seja um crente. O filme não me parece dessa forma. É de uma pieguice notória e
não se desenvolve de forma criativa, enfatizando planos como um quadro de flores
ou um céu estrelado como visões do Bem, uma alegação tão ingênua como os diálogos
que diluem a problemática mais densa que cerca a vida do herói da trama.
O tipo
do filme para as choradeiras de plantão. Podia ser produção da Graça que não
fazia feio com os espectadores dessa firma religiosa que vende bem em dvd.
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