quinta-feira, 11 de maio de 2017

Vida

                Criaturas extraterrenas são vilãs de filmes desde a época dos seriados. A vez de Alien, um monstro gosmento que se insere numa espaçonave e vai dizimando astronautas deu em série que ainda não acabou. Ridley Scott fez fortuna com este bicho e James Cameron dirigiu o melhor da franquia, antes de se consagrar como o timoneiro de Titanic. Agora com “Vida”(Life) o sueco Daniel Espinosa dá nome à pátria de seu alien, um marciano, e o apresenta como o resultado de um tecido encontrado no planeta vermelho e ampliado na estação espacial que estuda sua composição físico-química transformando-se no vilão que vai atacando os terrestres que lhe dão chance de multiplicar suas células.
                Basicamente nada de novo. Mas o filme escrito por Rhett Reese e Paul Wernick tem não só ritmo como pelo menos uma surpresa. É tão bem conduzido que por mais banal que possa parecer o enredo não há quem não se espante na plateia do cinema e no fim da sessão deixe aplausos.
                O que me fez não colocar este “Vida” no rol dos clássicos de um gênero é sucumbir ao modismo de exibir ruídos no espaço sideral. Tudo bem que muito se deve à trilha sonora, exacerbada na pretensão de fazer suspense. Mas ainda assim há momentos em que sons de choques no vácuo derrotem a noção cientifica de que isso não se produz além da atmosfera. Lembro mesmo que só Stanley Kubrick com o seu antológico “2001” mostrou um espaço mudo, ganhando todo o teor emocional que outros propuseram como se vê na cena em que o astronauta tenta entrar na sua nave-mãe e é obstado pelo computador-vilão. Tenho certeza de que a ausência de som em momentos de “Vida” seriam mais estimulantes do que acordes usados em filmes de terror rotineiros.

                Afora esse pecado sonoro o filme de Espinosa me surpreendeu. E seu fecho me pareceu um dos mais criativos da historia do gênero. Um momento que ficou isolado mas que pode fazer parte de uma obra-prima.

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