sexta-feira, 26 de maio de 2017

A Última Gargalhada

Na época do cinema mudo dois títulos chegaram por aqui mostrando apenas imagens, sem intertítulos. Dois desses filmes prendem-se ao movimento chamado “kammerspiel” que na Alemanha entre guerras pronunciava um estado de paz utópico. O primeiro chamava-se “A Noite de S. Silvestre”(1924) de Lupu Pick. Era praticamente uma crônica do dia de ano novo sem o enfoque característico do em moda expressionismo, saindo a caminho do que seria o neorrealismo na exposição de fatos em luz clara captada pela câmera. O outro filme, dentro do movimento, basicamente uma resposta ao terror da linguagem que deu obras-primas na amostragem do horror que cabia na Alemanha da hiperinflação dos anos 1920, foi “A Última Gargalhada”(Der Letze Man/também de 1924) do já consagrado F. W. Murnau. Este ultimo vai ser reapresentado agora na Sessão com Musica do Olympia(ao piano Paulo José Campos de Melo).          
                Era raro fazer cinema puro, sem falas ou letras. As imagens diziam tudo. E elas registravam o drama do velho porteiro de um hotel que ao deixar o cargo para trabalhar na lavanderia do prédio era visto pela população como um derrotado. Não sei é onde nossos tradutores foram chamar “O ultimo homem” de “Ultima gargalhada”. Até porque o grande ator Emil Jannings não ria. Vestido como um oficial expõe seu drama sem precisar dizer o que sente. Um plano próximo deixa que se veja seu sofrimento físico. E o uso do preto e branco escapa do contraste caro ao expressionismo preferindo um enfoque real.
                Este “cinema de câmera” durou pouco. Viria o cinema falado e nos anos 1950 a Itália optou pelo que se chamou neorrealismo, com “historias de rua” a exemplo de “Ladrões de Bicicletas”.

                Conhecer historia do cinema parte por esses títulos básicos. Em boa hora são revistos atendendo aos jovens que se dedicam â essa arte.

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