segunda-feira, 9 de maio de 2011

A Fita e os Fatos

Em “A Fita Branca”(Das WeiBe Band/Alemanha,2009) o cineasta Michael Haneke (69 anos), formado em filosofia,psicologia e teatro, evoca a gênese do mal a partir da repreensão. Numa pequena cidade alemã imediatamente antes da Primeira Guerra Mundial, diversos acontecimentos levam a suspeitar de uma força maligna atuando no pequeno circulo social, suspeitando-se de muitas pessoas e não se concluindo quem é o responsável por torturas, incêndios e atentados que simulam acidentes.
O filme é meticuloso como realização cinematográfica, rodado em preto e branco e com a câmera fazendo a vez de auxiliar de um corifeu apresentado como um professor que resolve por sua conta e risco investigar os fatos. Tal como em outro filme deste diretor-roteirista, “Cachê”, o malfeitor é apenas sugerido (ou apontado). Não se chega à revelação e punição. Por isso alguns viram na história o embrião do nazismo embora no dizer de um critico americano, se a análise for por este ângulo pode-se culpar qualquer um no tempo e no espaço.
A moral desta fabula de horrores é que a austeridade confundida com a tirania leva ao esquecimento da liberdade e, conseqüentemente, a mudanças na estrutura de caracteres. Diz-se assim, pois um pastor que trata os filhos na base do chicote é imputado como responsável pelo comportamento anômalo dessas crianças, muitos capazes de maldades que são impensadas observando-se seus rostos infantis (ou avessas às fitas brancas que ele coloca em seus braços como prêmio à obediência ).
Vi o filme em DVD e vou rever na telona do Cine Estação. É um de meus melhores do ano em curso.

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